#9 Essenciais do Cinema – Lolita (1962)
Se estás a ler isto é porque chegaste ao “Essenciais do Cinema”– uma nova rubrica da CCA para quem quer descobrir um pouco mais. Com temáticas menos generalizadas, por vezes menos actuais mas igualmente relevantes. Com tudo isto, é normal que por aqui encontres – e temos mesmo de te avisar – mais texto. Bem-vindo ao “Essenciais do Cinema”.
Lolita (1962)
Realizador: Stanley Kubrick
Protagonizado por: James Mason, Sue Lyon, Shelley Winters e Peter Sellers
É um dos grandes ícones do cinema e um exemplo perfeito de um Essencial do Cinema, com um elenco verdadeiramente de luxo, composto por actores que se tornaram lendários e representativos do modelo de boa representação cinematográfica.
Peter Sellers tem aqui um dos papéis mais controversos e polivalentes da sua carreira, juntamente com o lendário e futuro Essencial, “Dr. Strangelove”.
“Lolita” é baseado no sucesso literário com o mesmo nome, escrito por Vladimir Nabokov e lançado em 1955.
É um filme notoriamente reconhecido pelo seu tema controverso e carácter pornográfico, que é explorado de forma distinta do livro. Aliás, a censura jogou um papel significativo na limitação do conteúdo pornográfico que Stanley Kubrick desejava explorar. Deste modo, o filme não reproduz inteiramente o desenvolvimento narrativo do livro, embora o génio de Kubrick se mantenha intacto, conseguindo dirigir uma panóplia de actores cujas prestações marcaram as respectivas carreiras.
A história centra-se na obsessão passional e carnal de um professor cinquentão, Prof. Humbert Humbert, (James Mason) por uma adolescente, a Lolita (Sue Lyon). Ao longo da história mais duas personagens têm um papel relevante neste improvável e proibido “casal”. Clare Quilty (Peter Sellers) desempenha diversos papéis, de forma a atrair esta adolescente e a poder conquistá-la para as suas intenções mais carnais. Apesar de não ser revelado como, Clare Quilty tem um um papel fundamental na definição da personagem de Lolita e do Prof. Humbert Humbert, explorando ainda mais a veia obsessiva deste último.
Por último e não menos importante, Charlotte Haze é soberbamente interpretada pela lendária Shelley Winters, e torna-se na “peça a mais” de um romance que o Prof. Humbert Humbert quer ver resolvido. Haze é mãe de Lolita e, apesar de se envolver romanticamente com o professor, essa relação parece ser mais uma artimanha do professor para chegar perto da sensualidade infantil e meticulosa de Lolita.
Apesar de ter sido nomeado para apenas um Óscar, para Melhor Argumento, o filme ganhou diversos prémios internacionais, que reconheceram o valor de uma obra que, por vezes, não foi apreciada como devia ser.
“Lolita” foi adaptado diversas vezes, tanto na versão cinematográfica como teatral. Quer o livro, quer a primeira adaptação a filme, tornaram-se exemplares na forma como deixam muito à imaginação do leitor/espectador nas muitas componentes pornográficas que a obra contém. É, sem dúvida, um Essencial do Cinema, muito fruto da influência que o filme teve na carreira dos actores e realizador, e pela magnífica forma como Kubrick consegue contar uma história proibida e altamente censurável, tornando-a num apetecível manjar cinematográfico, que deleita qualquer apreciador e fã de bom cinema.