#35 Essenciais do Cinema – ‘Harakiri’ (1962)

por João Braga,    7 Junho, 2018
#35 Essenciais do Cinema – ‘Harakiri’ (1962)
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Se estás a ler isto é porque chegaste ao “Essenciais do Cinema”– uma nova rubrica da CCA para quem quer descobrir um pouco mais. Com temáticas menos generalizadas, por vezes menos actuais mas igualmente relevantes. Com tudo isto, é normal que por aqui encontres – e temos mesmo de te avisar – mais texto. Bem-vindo ao “Essenciais do Cinema”.

Harakiri (1962)
Realizador: Masaki Kobayashi
Protagonizado por: Tatsuya Nakadai, Akira Ishihama e Shima Iwashita

Kobayashi é um dos mais influentes realizadores de todos os tempos – e apesar de ultrapassado em comparação por Akira Kurosawa – Kobayashi tornou-se num dos melhores realizadores japoneses e uma das maiores influências do cinema japonês, principalmente se olharmos para a sua filmografia entre o final dos anos 50 até 1965. “Harakiri” é a grande obra-prima do realizador e, para mim, o terceiro melhor filme da história do cinema japonês. O filme não é só uma crítica ao código dos Samurai, vivido durante o século XVII, mas é também um retrato da sociedade japonesa. O argumento está muito bem escrito e caracteriza de uma forma bem dramática a necessidade de morrer com honra para um Ronin, ou um Samurai sem Lorde ou Mestre.

O filme começa em 1630, mas leva-nos até 1619, com uma série de flashbacks, em parte contados por Hanshirō Tsugumo, interpretado pelo actor favorito de Kobayashi, Tatsuya Nakadai. Tsugumo entra na propriedade do Clã Li com um pedido de autorização para cometer hara-kiri (ou seppuku) na propriedade do clã. A partir daí, o telespectador é levado para uma história de miséria, azar e infelicidade que é contada pelo próprio Tsugumo.

É uma das histórias mais bem escritas do cinema japonês e mundial. As cenas de luta são muito bem coreografadas e convincentes, contendo ainda momentos muito emocionais que transportam o telespectador para esta história de dramatismo e infelicidade. Nakadai tem aqui a sua melhor interpretação (juntamente com a interpretação na trilogia “The Human Condition” – futuramente presente no Essenciais), impondo-se à época como um dos melhores actores mundiais.

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