A 8.ª edição do Guimarães noc noc acontece em Outubro
Pensado nas vésperas da “Guimarães, Capital Europeia da Cultura 2012”, a primeira edição do Festival de Artes Guimarães noc noc preparava-se já em 2011 com o objectivo de criar condições para que todos os artistas locais, nacionais e internacionais, tivessem um espaço, um palco, um minuto para poderem mostrar o seu trabalho sem que dependessem das instâncias oficiais, sobretudo numa altura em que, apesar de todo o investimento na cultura, os espaços e as oportunidades pareciam apenas acessíveis a artistas já conceituados.
Criada a Ó da Casa! Associação Cultural, iniciou-se o contacto com as associações culturais locais no sentido de se estabelecerem parcerias, espaços e equipamentos; foi também lançado o repto a todos os residentes do Centro Histórico a participarem, abrindo as portas das suas casas, convertendo-as em galerias improvisadas, em salas de concerto ou apenas em espaço de partilha de ideias.
Não foram esquecidas as novas gerações, e, na terceira edição – em 2013 –, nasceu o “mini mini noc noc”, um espaço artístico experimental com programação pensada para o público infantil e para as famílias, que tem tido como sua casa nas últimas edições a Biblioteca Municipal Raúl Brandão.
O sucesso do Guimarães noc noc foi reconhecido e distinguido internacionalmente em 2015 com o selo EFFE (Europe For Festivals, Festivals For Europe), sucessivamente renovado nas edições seguintes. Para curadores, programadores artísticos e organizadores de outros festivais, o Guimarães noc noc constitui uma possibilidade de descoberta de artistas e trabalhos suscetíveis de enriquecer a programação de instituições culturais, galerias, museus de arte contemporânea, salas de teatro e salas de música, cumprindo o objectivo que esteve na sua génese.
São já cerca de 3 000 os artistas que integraram o roteiro do Festival, ao longo de 7 edições, com projetos individuais ou colectivos, nas disciplinas das artes plásticas, artes performativas, multimédia, música e design. Uma das características mais marcantes da organização do evento é a inclusão e a promoção do trabalho de todos os artistas que respondem ao open call anual. A curadoria da organização passa apenas pela distribuição dos projectos pelos espaços disponíveis em cada edição, também estes de inscrição voluntária, cujo único requisito é estarem localizados dentro do perímetro do centro histórico, facilitando assim, o acesso pedonal dos visitantes a todas as portas e pela ajuda na produção e logística dos vários eventos. A sinalética, conjunto de peças artísticas que indicam as portas do roteiro, é concebida por artistas convidados pela organização do Festival. Para cada edição, uma equipa e um conceito diferente: em 2011, Luís Úrculo, de Espanha; em 2012, Naoki & Junko Seshimo, arquitetos do Japão; em 2013, Hardwear, designers de moda, da Escócia; em 2014, Christian Öttinger, artista plástico e multimédia, da Alemanha. De Portugal os designers Piñata Colada, em 2015, O Alfredo é Fixe, em 2016 e Ângelo & Sofia, em 2017. Para assinalar os espaços da edição de 2018 foi convidada a dupla Alexandre Kumagai e Maria Bruno Néo, dois jovens designers que trazem para a concepção da sinalética as múltiplas influências das suas raízes, entre Portugal, Brasil e Japão. Cada peça é única, construída com a ajuda da fantástica equipa de voluntários que se disponibilizam para esta tarefa e para acompanhar e supervisionar os espaços de exposição nos dias do evento.
O Guimarães noc noc volta a acontecer no primeiro fim de semana de outubro de 2018 (dias 5, 6 e 7). Nesta edição, a organização estabeleceu uma parceria com o Grupo de Investigação em Estudos Performativos da Universidade do Minho, organizador do Colóquio Internacional “Intimidade e Performance” que vai juntar no Centro Internacional das Artes José de Guimarães e na Plataforma das Artes e da Criatividade, nos dias 4, 5 e 6 de outubro, profissionais, investigadores, estudantes e performers de várias nacionalidades. Depois, todos se fundem com o Guimarães noc noc 8 criando oportunidade para os artistas mostrarem o seu trabalho, ao mesmo tempo que nos permitirá desfrutar uma espécie de tour internacional de performances, com especial destaque para uma representativa comitiva brasileira, responsável por cerca de 20 projetos performativos que vão enriquecer a edição 8 do Guimarães noc noc.
As verdadeiras portas do Festival abrem-se no dia 6 de outubro, sábado, às 15h, com um momento produzido pelo artista francês Patrice Barthés protagonizado no Largo da Oliveira pelos alunos do Curso de Teatro da Universidade do Minho, e encerram no domingo, madrugada dentro, com a PARTYing produzida e orientada por Cosmin Manolesco, referência mundial da dança contemporânea que nos visita da Roménia com o alto patrocínio do respetivo Ministério da Cultura.
Logo na sexta-feira, e porque é feriado nacional, haverá já alguma programação. Em modo soft opening, acontecem alguns concertos e performances e a sempre aguardada Festa Warm-Up para receber os artistas participantes. A programação segue no sábado e no domingo (dias 6 e 7), integrando exposições de artes plásticas, fotografia, vídeo, artesanato e design, multimédia, concertos, performance, dança e teatro, criados por mais de 350 artistas dos 3 aos 70 anos de idade, num total de 218 projetos. Um dos parceiros da organização, a BeStitch, empresa têxtil vimaranense exportadora de linhos de alta qualidade com reconhecimento internacional, vai ser responsável por um dos momentos mais inusitados do Festival, na noite de sábado. Para quem quiser apanhar o Comboio Guimarães noc noc, disponibilizado pela CP a preços especiais, pode fazê-lo na Estação de S. Bento no Porto às 12.20h de Sábado e fazer a viagem até Guimarães ao som de um concerto e outros projectos artísticos surpresa.
Para a oitava edição chegaram à Ó da Casa! – Associação Cultural inscrições vindas de Moçambique, Áustria, Brasil, Chile, Espanha, França, Alemanha, Roménia, Holanda, Argentina, Japão e de 30 localidades portuguesas, de Paredes de Coura, no Minho, até Lagos, no Algarve. Serão mais de 60 horas de programação artística non-stop.