Northwest e Andy Burns vão estar no GrETUA, em Aveiro
Thank you so much for reaching out. It feels very good to know we are not alone. Pode ler-se no postal caligrafado por Mariuca e Ignacio (Northwest), enviado a quem pretende ouvir o seu mais recente álbum, Northwest I, em formato digital. Quando lemos, somos impelidos a concordar: é mesmo. Os Northwest trazem-nos esta possibilidade de abrandamento num mundo acelerado e cacofónico. “We don’t shout, we sing”, dizem-nos no seu manifesto que rejeita o concurso de gritaria em que se tornou o mundo digital. Talvez estejam a lutar contra moinhos de vento com postais caligrafados, mas há poucas formas tão poéticas de lutar contra moinhos de vento, que é aliás tarefa cara a duos de espanhóis.
No próximo Sábado, 15 de Dezembro, este duo, radicado no Reino Unido, composto pelo multi-instrumentista Ignacio Simón e pela cantora e artista visual Mariuca Garcia, traz à sala do GrETUA um espectáculo que se adivinha rico em contemplação e densidade. Navegando os mares estéticos da pop experimental, com inspirações em Radiohead, Portishead ou Robert Wyatt, mas também confessos admiradores dos Pink Floyd de Syd Barrett, os Northwest reflectem acerca do que é ser músico no século XXI, tanto na distribuição e promoção, como na concepção artística. Procurando incessantemente desafiar os limites da música, mantêm um produtivo namoro com as artes visuais – o cinema, a ilustração, a animação – a dança e a performance, afirmando procurar constituir um terreno onde diferentes formas de arte possam florescer e interagir. Isto culmina inevitavelmente num espectáculo riquíssimo e envolvente com uma componente visual muito marcante, como podem testemunhar todos aqueles que tiveram a experiência.
Nada disto acontecerá, no entanto, sem antes o promissor australiano Andy Burns inaugurar a noite com a sua chamber pop sonhadora, que nos trouxe já este ano dois belíssimos registos – Good Grief e Excited – fabricados num escritório/estúdio em Tóquio, onde dorme e faz composições de uma melancolia luminosa e poética, cheia de histórias. O criador e interprete destas canções, que promete enviar doçaria eslovaca a acompanhar as encomendas da cassete de Good Grief, tem passado os últimos meses a tocar um pouco por toda a Europa, e vem estrear-se a Aveiro com um reportório já bastante consolidado.
Desta feita, tudo se compõe para uma noite intimista de contemplação nostálgica e regeneração poética. Um manifesto contra a cacofonia urbana e a solidão, um encontro de almas gregárias em busca do seu lugar. Afinal, it feels very good to know we are not alone.
A entrada tem um preço de 4€ com reserva e de 5€ à porta, sendo possível a reserva através deste link.
Artigo escrito por David Calão