Walk&Talk completa nove edições com novo pavilhão e múltiplos circuitos de arte
O Walk&Talk – Festival de Artes dos Açores, completa a nona edição de 5 a 20 de julho com a participação de mais de meia centena de artistas, coletivos e curadores, e a apresentação de dezenas de projetos inéditos que cruzam arte, dança, performance, arquitetura, design, cinema e música.
O programa do festival anual dedicado à criação artística contemporânea é organizado em torno de Circuitos de Arte que integram a apresentação de projetos em vários locais da ilha de São Miguel, residências artísticas e de curadoria, exposições, performances, concertos, conversas, eventos paralelos e iniciativas que promovem a produção e partilha de conhecimento com as comunidades locais, migrantes e visitantes do arquipélago.
Circuito de arte: uma expedição motivada pela empatia
Com curadoria dos The Decorators, um coletivo multidisciplinar sediado em Londres e constituído porCarolina Caicedo, Mariana Pestana, Suzanne O’Connell e Xavi Llarch Font, em 2019 o Circuito de Arte recupera a ideia de expedição. Porém, ao contrário das expedições realizadas às ilhas no século XIX, por mentes racionalistas em sintonia com o espírito do Iluminismo, a expedição ao Walk&Talk será realizada por artistas motivados por fenómenos imensuráveis, irracionais e ininteligíveis. A proposta curatorial toma uma abordagem empática, incentiva a “fundir em vez de medir, personificar em vez de classificar, viver e não explicar”. Os sete novos projetos que serão criados em vários locais de São Miguel vão procurar “incorporar a ilha e produzir experiências no terreno, em colaboração com as comunidades e as paisagens, paralelamente, pretendem repensar a nossa relação atual com a natureza e ensaiar abordagens alternativas”.
Circuito de exposições: untitled para explorar identidade(s)
Sete projetos individuais inéditos apresentados em simultâneo, em cinco locais da cidade de Ponta Delgada, pelos artistas Andreia Santana, Gonçalo Preto,Maria Trabulo, Rita GT, Mónica de Miranda, Miguel C. Tavares & José Alberto Gomes e Diana Vidrascu. Os projetos mapeiam o Circuito de Exposições Walk&Talk, que pela primeira vez será organizado em torno de uma proposta curatorial a cargo do curador Sérgio Fazenda Rodrigues. O circuito Untitled explora a ideia de “identidade”, na sua relação com questões de género, história, paisagem, arquitetura, arqueologia e outros campos das ciências, para refletir a ação do coletivo na construção do “lugar” geográfico, ao mesmo tempo lugar social, cultural e emocional, síntese e contentor de identidades autónomas. Resulta de residências realizadas pelos artistas e o curador nos Açores, entre 2017 e 2019, e vai expandir-se por espaços públicos, privados, museológicos e devolutos, fazendo emergir a criação artística contemporânea da malha urbana, diversificada, por vezes tensa e assimétrica, da própria cidade. Em paralelo, no dia 4 de julho, o artista Olivier Notellet inaugura a individual que assinala a pré-abertura do festival, como habitual, na Galeria Fonseca Macedo. No sábado, dia 6 de julho abre portas na MIOLO – Livraria, Galeria, Editora, a exposição coletiva com curadoria do estúdio de design Ilhas, fundado por Catarina Vasconcelos e Margarida Rêgo.
Artistas em residência
Durante o festival iniciam novas residências no Walk&Talk, na área das artes visuais, os artistas Abbas Akavan, Daniel Bracken, Nadia Belerique e Madalena Correia, vencedora Jovens Criadores Açorianos 2018. Continuam em residência as artistas Luísa Salvador e Polliana Dlla Barba, e a dupla Sofia Caetano & Elliot Sheedy prossegue a produção da longa-metragem The Happiest Man. Na área da música, Michelle Blades e Rodrigo Araújo (Vaiapraia) vão compor nos Açores um novo álbum de inéditos que será editado pela Midnight Special Records, apresentar uma performance ao vivo e, em colaboração com o realizadorTomás Paula Marques, produzir um documentário sobre o processo artístico. A este grupo de artistas vão ainda juntar-se os vencedores dos Open Call 2019 e os convidados pelo curador Miguel Flor para a sexta edição da RARA – Residência de Artesanato da Região dos Açores, onde designers de todo o mundo e artesãos locais cruzam técnicas, matérias-primas, “saber fazer” e afetos para a criação de novos objectos.
Espetáculos em itinerância
At the Still Point of The Turning World de Joana Gama e Luís Fernandes, com direção e orquestração de José Alberto Gomes, vídeo de Miguel C. Tavares e a participação especial dos alunos do Conservatório Regional de Ponta Delgada, é o espetáculo que abre o programa Walk&Talk no palco do Teatro Micaelense. Na principal sala de espetáculos da região, destaca-se também a apresentação de Lento e Largo, a nova criação da dupla Jonas & Lander que teve estreia absoluta no Festival GUIdance 2019, em Guimarães, e é co-produzida pela Rede 5 Sentidos. Noutras salas e espaços não convencionais da ilha, serão apresentadas as performances Silent Disco de Alfredo Martins e Marco da Silva Ferreira e Burning Pricks de António Branco & Riccardo T., dois trabalhos que partilham o desejo de anular barreiras entre os seus intérpretes e o público ou até fundir as ações de ambos.
15 de Março Abertura Open Calls W&T 2019: Reabrem no dia 15 de março as três chamadas destinadas a envolver no Walk&Talk jovens artistas açorianos ou sedeados na região – Jovens Criadores Açorianos, artistas de qualquer origem geográfica ou disciplinar que desejem desenvolver projetos em residência nos Açores – Open Call for Artists, e jornalistas culturais ou críticos de arte que queiram acompanhar o festival – Open Call for Journalists. As pessoas interessadas poderão consultar os regulamentos e candidatar-se através da página e redes sociais do Walk&Talk.