ProfJam ao vivo: a espiritualidade de ‘#FFFFFF’ encarnada
O Capitólio foi o espaço escolhido em Lisboa por ProfJam para fazer a apresentação de #FFFFFF. No passado dia 5 de Abril, Mário Cotrim deu um espectáculo recheado de convidados, que o ajudaram a tornar real a calculada tela sonora do seu álbum de estreia. Acompanhado em palco pela bateria fervorosa do músico Guilherme Silva, mais conhecido como Gui, e por Mike El Nite como DJ e hype man de luxo, o rapper de Telheiras deu uma actuação em que deu corpo à visão musical e espiritual de #FFFFFF, e mostrou-se presente para um público que esgotou a sala para o ver.
Foi esse público que ouvimos assobiar nos momentos antes da actuação começar. Alguns ouvintes, já impacientes com a espera, entoavam o nome do rapper com vontade. Não passava muito da hora marcada quando ouvimos os primeiros acordes fantasmagóricos de “À Palavra”. Cotrim surgiu, de óculos de sol, vestido de branco e com uma luva branca a cobrir-lhe a mão esquerda, e deu o mote para uma actuação que se moveu a um ritmo imparável e que não esqueceu os fãs de longa data: “Queq Queres” e “Matar o Game” foram duas das viagens ao passado. Na terceira, Mike El Nite incitou a multidão: “É para o Capitólio ir abaixo!”, e “Xamã” foi entoada com vontade pelo público.
Antes de “Gwapo”, com YUZI em palco a meter toda a gente a dançar, “Caveira” soou a meio-gás devido a problemas com o som, e infelizmente não foi a única música com problemas nessa noite. Apesar desses percalços sonoros durante a actuação, ProfJam mostrou-se incansável e de espírito forte a seguir em frente, determinado em dar o melhor espectáculo possível. Em “Mortalhas”, mostrou o seu flow hábil e versátil, e a destreza fonética e silábica da possante “O Hino” foi recebida com assobios de entusiasmo de fãs encantados com o talento natural de Cotrim. Mas, no final da música, foi o rapper quem fez a vénia para o seu público.
“À Vontade” foi um dos grandes momentos da actuação, com direito ao sincero verso de Fínix MG ao vivo e a cores. “Só se vive uma vez e o amor é para deixar neste mundo”, ouviu-se Cotrim dizer, aproveitando o som dos bonitos violinos para agradecer ao público e a todos aqueles que o ajudaram a chegar até ali. Depois de um dos momentos mais emocionais do álbum e do concerto, a incontornável banger “Tou Bem” – com Lhast em palco a cantar o fenomenal hook por cima da sua batida – trouxe a festa de volta e “Malibu” garantiu que ninguém saía do Capitólio sem dançar. Nos momentos finais, “Água de Coco” soou à apoteose que é, imponente e vitoriosa, e foi apoiada calorosamente por todos os que ali estavam.
Talvez tenha sido o final ambíguo de “Se Calhar” que tenha levado alguns fãs mais aguerridos a pedir mais uma música a plenos pulmões. Mas depois dos agradecimentos finais e de uma fotografia com a multidão, o concerto estava terminado. Ficou a certeza de que ProfJam deixou toda a sua energia em palco ao apresentar a sua primeira grande declaração sonora com critério. A espiritualidade que sentimos emanar de #FFFFFF tomou forma e foi apresentada pelo seu autor de corpo e alma.