Acervo dos arquitectos Francisco Melo e Jorge Gigante vai ser doado à Casa da Arquitectura
O acervo dos arquitectos Francisco Melo e Jorge Gigante vai ser doado à Casa da Arquitectura, numa cerimónia que decorre no próximo dia 11 de Julho, às 17h00, no Arquivo da instituição. A apresentação da obra estará a cargo do Professor Domingos Tavares.
Vai decorrer no próximo dia 11 de Julho, às 17h00, no Arquivo da Casa da Arquitectura, em Matosinhos, a cerimónia de Assinatura “Contrato de Doação do Acervo de Francisco Melo e Jorge Gigante”. Entrada livre.
O contrato de doação vai ser assinado por Francisco Melo e pelos herdeiros de Jorge Gigante e, pela parte da Casa da Arquitectura, por Nuno Sampaio, Director Executivo.
Esta cerimónia conta com a presença da Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Luísa Salgueiro, e do Professor Domingos Tavares, que fará o enquadramento da obra.
O acervo dos arquitectos Francisco Melo e Jorge Gigante é constituído por peças desenhadas, peças escritas e uma vasta colecção de fotografias, e cobre a sua actividade desde o final da década de cinquenta até ao início dos anos 90, num total de 152 projectos de várias tipologias: central telefónica (31), urbanismo (22) habitação uni-familiar (21), serviços/comércio (19), habitação colectiva 815), equipamento (15), indústria (8) e hotelaria (5).
Francisco Melo e Jorge Gigante constituem gabinete conjunto, no Porto, em 1956. A sua actividade desenvolve-se em torno do urbanismo e da arquitectura, sendo de destacar o conjunto de centrais telefónicas que projectam e constroem para os TLP (Telefones de Lisboa e Porto). Obras de grande exigência técnica e construtiva, são o laboratório de experimentação de muitas soluções que virão a ser aplicadas noutras obras da sua autoria e que serão base de formação para muitos arquitectos. A ampliação da Central Telefónica do Bonfim ou a Central Telefónica de Arcozelo, são obras de referência neste conjunto.
A habitação uni-familiar e colectiva, em particular a habitação social e cooperativa, é outra das áreas de concentração de maior número de trabalhos do gabinete sendo de destacar as cooperativas de Mafamude (Gaia) e Cohaemato (Matosinhos).
Já na década de 90 do século XX, projectam e constroem a ampliação do Centro Social da Sé do Porto, que se localiza junto às escadas dos Guindais, e é uma marca contemporânea na arquitectura da cidade medieval.
Este gabinete foi durante anos local de formação de muitas gerações de arquitectos que lá trabalharam por períodos mais ou menos prolongados. Manuel Correia Fernandes, José Quintão, Domingos Tavares, Manuel Mendes, José Manuel Gigante, Pedro Mendo, Conceição Melo, João Álvaro Rocha, usufruíram desta escola prática e dos conhecimentos e capacidade pedagógica desta dupla de arquitectos. Destes, José Manuel Gigante e João Álvaro Rocha vêm a integrar permanentemente o gabinete em 1989, mantendo-se até ao seu encerramento.
O escritório da Rua de D. Hugo 37, onde Jorge Gigante e Francisco Melo se instalaram na década de 70 do século passado, será para sempre referência incontornável na história dos arquitectos e da arquitectura portuguesa da segunda metade do século XX.