Alguém se esqueceu do socialismo na gaveta
O contexto em que Mário Soares, em 1978, referiu que “Não se trata agora de construir o socialismo, trata-se de recuperar a economia deste país para manter e salvar a democracia portuguesa” é totalmente diferente do contexto do de António Costa. O país já não vive um paradigma político atribulado, o debate político é diferente e as necessidades do povo são outras.
Ao contrário de há 40 anos atrás, hoje temas como alterações climáticas, direitos LGBTI+, feminismo e outras lutas sociais estão na ordem do dia. Porém, há um tema transversal no debate político desde o 25 de abril de 74: direitos dos trabalhadores.
Há todo um historial do Partido Socialista (que só é socialista de nome), se aliar à direita no que toca a direitos laborais. Fá-lo para reforçar a sua posição no que toca à luta de classes. O PS podia optar por estar ao lado dos trabalhadores, preferem porém estar sucessivamente ao lado do patronato.
A atual legislatura, permitiu reverter muitos dos ataques feitos pelo governo PSD-CDS aos trabalhadores, e com certeza, a gente que trabalha neste país sabe que isso se deve à esquerda e não ao Partido Socialista. A situação política destes 4 anos podia ter sido, caso não fosse desperdiçada pelo PS, muito benéfica para quem se esforça diariamente para a construção de um país mais rico.
Há uma série de propostas apresentadas pelo Bloco, aquando o debate sobre as alterações à lei laboral, que foram chumbadas pelo PS e pela direita. Essas propostas que o PS tanto teima em negar, iriam melhorar significativamente a vida das massas trabalhadoras que todos os dias arregaçam as mangas para fazer o que melhor sabem e podem.
Falamos de direitos alargados para trabalhadores com turnos, que tanto vêm a sua saúde em causa devido à sua profissão. Falamos de combate ao falso trabalho temporário, assim como o limite ao outsourcing. Não nos esquecemos de falar igualmente da proteção do contrato coletivo, da devolução dos 3 dias de férias cortados assim como o subsídio de refeição igual entre público em privado.
Dia 6 de outubro é colocada a seguinte pergunta aos portugueses: deve ou não o Bloco ter mais força no parlamento? A resposta está a vista de todos e de todas que viram durante estes 4 anos quem lutou pelos seus direitos e pelos seus salários.
A relação de forças é feita perante um resultado eleitoral, e não tenho nenhuma dúvida que quanta mais força for confiada ao Bloco de Esquerda pelos portugueses, mais força os trabalhadores deste país irão ter no parlamento. O voto no Bloco é a garantia da redução da influência dos partidos que ficam ao lado dos patrões no que toca a direitos laborais, que nunca foram socialistas e se um dia o tentaram ser acabaram por guardar o pouco de esquerda que tinham numa gaveta bem funda.
Texto de Eduardo Couto,
O Eduarto é ativista estudantil no ensino secundário, membro da Comissão Coordenadora Distrital do Bloco de Esquerda de Aveiro e organizador da Marcha LGBTI+ Aveiro.