‘Sleeping Through The War’ é o adeus dos All Them Witches ao stoner rock
Estes meninos andam a trabalhar bem: cinco anos, cinco discos. Desde “Our Mother Electricity” que não falta criatividade ao quarteto de Nashville. Nós agradecemos. Subiram ao palco principal do SonicBlast Moledo no ano passado e proporcionaram uma das melhores actuações do festival. Os All Them Witches escrevem o nome novamente no mapa anual dos álbuns editados, desta feita com o recentíssimo “Sleeping Through The War”.
Uma produção que se afasta ligeiramente dos registos anteriores. A sonoridade é mais pop e comercial em certos momentos. A mensagem que passa está directamente relacionada com os dias que enfrentamos actualmente, assumindo uma crítica social e humana muito forte.
Os campos do stoner rock que consumiam a banda nas produções anteriores, acabam por se desvanecer neste álbum. As canções que noutros álbuns assumiam posições mais quebradas roçando o blues ou o country, como era o caso de “The Marriage of Coyote Woman” ou “Elk.Blood.Heart.” também se perderam em “Sleeping Through The War”.
No início ainda somos enganados, “Bulls” é uma faixa em que a sonoridade dos All Them Witches está lá a cem por cento. Seria um bom mote para o que vinha a seguir, infelizmente o álbum vai caindo gradualmente com avançar dos minutos. Sendo que as três músicas seguintes: “Don’t Bring Me Coffee”, “Bruce Lee” e “3-5-7” acabam por se esvaziar entre elas, não oferecendo nada que o quarteto norte-americano nos tinha habituado até hoje. O registo assume-se mais pop e muitas vezes aproxima-se de momentos “rockeiros” próximos de bandas como Foo Fighters ou Nickeback.
“Am I Going Up?” e “Alabaster” são músicas que apesar de monótonas voltam a aproximar-se dos registos anteriores da banda. Embora a segunda contenha riffs mais pesados e percussões rítmicas tribais que interrompem os acordes aborrecidos. Para além da primeira malha, os All Them Witches deixaram o melhor para o fim: “Cowboy Kirk” e “Internet” são claramente as canções que se destacam nesta produção. A escolha de “Internet” para fechar o álbum revela-se acertada, apesar da carga satírica que transporta liricamente, os arranjos e as teclas assumem uma posição de pré-climax. Numa produção onde a banda procura explorar outras vertentes, maioritariamente infelizes como é perceptível com o decorrer do álbum. No entanto, o seu final acaba por ser a bóia de salvamento, que traz os All Them Witches de volta à superfície e ao passado recente das suas criações primorosas.