Squirrel Flower falha na conexão com o ouvinte em “I Was Born Swimming”
Em I Was Born Swimming, Squirrel Flower começa por nos apresentar a guitarra acústica em “I-80”, canção que partilha o nome com a segunda maior autoestrada dos Estados Unidos da América – ligando New Jersey à Califórnia – e dá o mote para o resto deste trabalho. Na faixa que dá inicio ao álbum, Ella O’Connor Williams informa-nos que, apesar das suas tentativas, a sua poesia falhou e, por isso, embarca numa viagem na qual a acompanharemos. É com esta confissão que acabamos por segui-la, apresentando-nos cada vez mais instrumentos num crescendo ao longo do álbum, bem como em cada faixa.
Existe bastante melancolia e minimalismo neste trabalho, pois rapidamente nos encontramos embalados em faixas simples onde praticamente apenas ouvimos a voz de Ella, como em “Eight Hours” ou “Headlights”, onde apenas a sua guitarra e pouca ou nenhuma percussão nos fazem companhia. Contudo, o conteúdo lírico não sobressai, fica apenas a sensação de uma tentativa de faixas que poderiam ter sido, do ponto de vista de letra, mais polidas e menos poéticas.
Em “Honey, Oh Honey!” encontramos mais energia, sendo a primeira faixa do álbum que realmente nos consegue acordar e entender que talvez haja algo mais em I Was Born Swimming. No entanto, mesmo esta não é longa o suficiente para contagiar e, infelizmente, torna-se, mais uma vez, pouco cativante. O registo regressa ao melancólico em “Seasonal Affective Disorder”, onde novamente somos presenteados com uma faixa triste e aparentemente inacabada.
Na segunda metade deste trabalho, encontramos “Home” e “Streetlight Blues”. São estas, provavelmente, as faixas do álbum que nos levam mais longe com apontamentos de rock, e onde a voz de Ella acaba por brilhar mais. Também parece ter sido nestas duas faixas que a vocalista nos presenteia com os melhores momentos do álbum, com arranjos menos minimalistas e onde a tentativa de conectar o ouvinte às suas tribulações se destaca.
“Belly Of The City” é possivelmente a faixa onde a tristeza e o isolamento reinam e a artista encarna um tom mais confessional, com uma guitarra esparsa a acompanhar. A última faixa do álbum – e também a homónima – mantém o mesmo registo simplista, agora com guitarra acústica e apontamentos folk, numa última tentativa de Williams tentar encontrar o ouvinte.
I Was Born Swimming falha na conexão que tanto tenta criar com o ouvinte. A impressão deixada é de um conjunto de poemas que nem sempre resultam bem quando musicados. Fica-se com a impressão de que, no final do álbum, não conseguimos verdadeiramente entender que tipo de mensagem queria ser transmitida. Não que esta tenha que existir, mas é uma oportunidade perdida, pois a voz de Ella, bem como o trabalho colocado neste álbum, poderia ter feito sentir mais e melhor quem o ouve. Trata-se de um álbum melancólico e evocativo de uma tristeza que infelizmente não parece ter funcionado da melhor maneira.