Perpétua lançam hoje o seu primeiro disco “Esperar Pra Ver”

por Comunidade Cultura e Arte,    26 Março, 2021
Perpétua lançam hoje o seu primeiro disco “Esperar Pra Ver”
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O álbum Esperar Pra Ver começou a ser pensado no momento da formação da banda. Com algumas ideias já existentes, era claro que a sonoridade a seguir se situaria no âmbito daquilo a que atualmente se chama música indie. Embora tendo os elementos da banda referências muito distintas, há também artistas em torno dos quais a sua admiração gravita de igual forma, podendo-se destacar bandas como Parcels ou Men I Trust. Ao longo do ano de 2020 foi composto e gravado por todos os membros da banda, produzido, misturado e masterizado pelo Rúben e pelo Xavier, com ajuda à produção da Beatriz e do Diogo.

Estilisticamente encontram-se no álbum expressões de vários subgéneros da música indie. Nas duas primeiras músicas, “Perdi a Cor” e “Manhãs Longas”, é notório um ambiente marcadamente disco que faz lembrar nomes como os já citados Parcels ou a banda francesa L’Impératrice. Aliado a isto nota-se também a influência da música portuguesa dos anos 80, sendo possível encontrar na voz e melodias da Beatriz ecos de algo que podia ter sido cantado pelas Doce ou por António Variações. “Condição”, “Lugar” e “Dores de Cabeça” distanciam-se do universo disco e assumem-se como músicas de pop alternativo, ligeiras no ouvido e fáceis de cantar, sendo que a “Dores de Cabeça” se aproxima mais a um registo de balada que pode fazer lembrar os trabalhos de Tim Bernardes. A bridge de “Condição” traz à tona a faceta mais psicadélica da banda, que também encontra no shoegaze e no dreampop fontes de inspiração. Esta inspiração é notória em “Grilos” e “Blockbuster”, cuja sonoridade remete para nomes como Turnover ou Beach Fossils. Estas músicas vivem da atmosfera e da repetição dos riffs, fazendo-os ecoar em loop na cabeça do ouvinte. “Falei de Cor” é a wildcard do álbum. É a canção da qual não se está à espera quando se ouve as anteriores. É a mais rockeira do grupo, que nesta reta final aciona as distorções e se entrega à confusão. O álbum termina com “Brisinha”, um fecho calmo depois da erupção que é a música anterior, procurando terminar esta viagem de forma suave, deixando no ar um tom nostálgico que, avise-se já, pode ter como consequência a potenciação da vontade de ouvir tudo outra vez.

As letras do disco retratam experiências normais e mundanas de cada um. O que as inspira são experiências vividas, contadas, percebidas e imaginadas. No entanto, estas barreiras esbatem-se, deixando a cargo do ouvinte o grau de reconhecimento que procure imprimir nelas. Falam e refletem sobre conforto, crescimento, perda e todo esse tipo de sentimentos com as quais alguém é confrontado ao longo da vida, na relação consigo ou com os outros. Há sempre um tom melancólico, nostálgico, mas esperançoso e expectante transversal ao longo das músicas.

Finalmente, o álbum é um esforço de germinação. Com as raízes bem assentes, é para os Perpétua hora de descobrir para onde crescer e como florir. Bem, há que Esperar Pra Ver.

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