Os Prémios Hiena 2021 vão homenagear quem mais se destacou no humor nacional
A plataforma Hiena apareceu em 2017, com os objetivos de dar a conhecer tudo o que acontece no mundo da comédia e de “validar o Humor como um peso pesado do entertenimento e da Cultura em Portugal”. Ana Marta Ferreira é a responsável máxima do projeto, que já conta com um vasto público nas redes sociais. Depois da primeira edição totalmente online, em 2018, dos Prémios Hiena; o evento regressa em 2021, já numa cerimónia ao vivo, mas também com transmissão em direto através do site da Hiena. O objetivo é destacar aquilo que de melhor se fez no humor nacional (e até internacional) em 2020. A partir daqui, o objetivo passa por conseguir organizar o evento todos os anos e continuar a cimentar o espaço da comédia no panorama cultural do país.
O evento vai realizar-se no dia 8 de junho, no recém-estreado palco do Lisboa Comedy Club. Catarina Moreira irá conduzir a cerimónia de entrega dos Prémios Hiena 2021, onde há doze categorias, como “Podcast do Ano”, “Conteúdo Digital”, “Espetáculo de Stand-Up do Ano” e “Humorista do Ano”. Os vencedores são escolhidos pelo público e por um painel de jurados. Conversámos com Ana Marta Ferreira, que nos revelou que dois novos prémios, que não foram a votação do público, vão ser entregues na cerimónia.
Qual é a importância de existirem prémios para homenagear quem trabalha no mundo do humor em Portugal?
Esta questão de dar prémios, ou de escolher quem é o melhor numa arte tão subjetiva, é um bocado polémico. Tentamos fugir um bocadinho ao “melhor” — é quem mais se destacou em 2020. Podem existir pessoas melhores a fazer podcasts, mas se o teu podcast não teve episódios em 2020 ou acabou em 2019, não vai estar nomeado, obviamente. É algo anual, para celebrar quem se destacou, quem deu mais de si.
Deves conhecer aquele discurso do Jerry Seinfeld sobre prémios, em que ele diz que todos os prémios são estúpidos.
Sim, já ouvi isso.
Ele diz que é particularmente estúpido os comediante receberem prémios.
O Batáguas fez uma coisa parecida para nós em 2018.
Ainda assim, achas que o meio valoriza os prémios?
Acho que sim, dentro do possível. Há sempre um bocado de pudor em ir receber um prémio. Ainda por cima é uma arte tão discreta (cada vez menos). Mas humoristas, por tradição, são pessoas que se gostam de esconder ou ser mais misteriosos. De repente estarem num palco sozinhos para receber um prémio é como dizer: “Olha para isto, olha para isto que eu fiz.” Não é confortável para muita gente. Mas a ideia é ser algo ligeiro e numa boa onde, com o propósito de mostrar os projetos que foram feitos. É recordar também quem está por trás das coisas. Estava-me a lembrar aqui das peças de teatro. É ótimo que se recorde quem é que escreveu o quê. Há pouco tempo notei que já não me lembrava que o Pedro Durão também tinha escrito a peça “O resto da tua vida”. É sempre algo que, nas indústrias todas, quer-se goste ou não, acaba por acontecer. Há sempre prémios para tudo, seja design, cinema ou humor. E acaba por divulgar os projetos, que é algo do nosso interesse. Especialmente no Newbie do Ano (os nomeados são Levi Galaio, Manel Rosa, Max Coliban, Vítor Sá e Tomás Rodrigues) e na Revelação do Ano (os nomeados são André de Freitas, Carlos Vidal, Luana do Bem, Vasco Elvas e Ricardo Couto). É muito fixe ter gente que de repente pergunta: “Quem é esta pessoa que ganhou?” e vão procurar. É uma garantia de qualidade, de alguma forma.
Acredito que principalmente no instagram, com os prémios, tenham ganho bastante público.
Sim, crescemos bastante e temos um dado curioso. Temos seis mil e tal seguidores (6387), e foram seis mil e tal votos (risos). Ou seja, não digo que todos os seguidores tenham votado, mas foram passando a palavra a amigos ou algo do género… e deu de certa forma o nosso público por inteiro.
Tinhas feito os prémios em 2018, há três anos…
Sim, mas há aqui uma divergência, porque os de 2018 foram referentes a 2018 e estes de 2021 são referentes a 2020. Na altura como foi tudo online, foi super fácil de fazer no próprio ano.
Gostavas de fazer isto mais vezes ou vai mesmo acontecer todos os anos?
Eu agora estou motivada para fazer isto todos os anos — e cada vez melhor. A ideia, em última análise, é fazer num auditório, com público. Essa é outra questão: o público da Hiena, infelizmente, por causa da Covid-19 não pode estar presente. Agora até podíamos, mas na altura em que começámos a planear isto, estava completamente fora de questão fazer num teatro. Vamos para uma sala pequena, numa gala privada, com streaming no site da Hiena. E posso revelar-te também uma novidade: vamos entregar uns prémios especiais, que não foram submetidos a votação. O nome do prémio é inspirado no discurso de agradecimento, em 2018, do Salvador Martinha. Em que ele diz que estes prémios são muito giros e tal, só lhes falta o prestígio. O prémio vai chamar-se “MVP — Mérito, Valor e Prestígio”. São só dois vencedores e vamos fazer isto todos os anos. Servem para enaltecer coisas interessantes mas fora do comum.