Porque custa tanto superar o final de uma série?
O final de uma série nem sempre é fácil de superar. Quando chega a altura de vermos pela última vez os créditos finais daquela série que acompanhamos há tantos anos, somos invadidos por aquela sensação de vazio quase existencial, nem sempre fácil de explicar, em que sentimos que algo de importante acabou naquele momento e que nada vai conseguir substituir o que perdemos. Mas afinal porque é que isto acontece?
O que nos leva a ter sentimentos tão profundos por pessoas que nem sequer existem?
O vídeo seguinte tenta responder a estas perguntas, numa viagem que nos leva até aos anos 50 do século XX, altura em que as relações que estabelecíamos com as personagens mediáticas entraram definitivamente na agenda da sociologia.
Quando os sociólogos Donald Horton e Richard Wohl analisaram a relação que os telespectadores estabeleciam com os apresentadores dos talkshows, concluíram que muitas pessoas viam os apresentadores desses programas como amigos, apesar de nunca terem interagido com eles na vida real. A esse tipo de relação deram o nome de “Relação Parassocial”, ou seja, uma relação social à margem do que seria normal.
Nos anos seguintes, as relações parassociais continuaram a ser estudadas e aprofundadas e concluiu-se que muitas das consequências emocionais associadas às relações reais, como o aumento da empatia ou o luto, também podem ser associadas a estas “relações imaginárias”.
Quando ouvimos as pessoas a falar daquilo que as inquieta, das suas dúvidas ou dos seus sonhos, com o passar do tempo sentimos que conhecemos essas pessoas, mesmo que sejam personagens de ficção ou celebridades que partilham o seu dia a dia nas redes sociais. Essa exposição leva-nos a sentir que, de certa forma, somos os seus confidentes. Sentimos as suas vitórias e as suas derrotas como se fossem nossas, e quando a relação acaba, entramos inevitavelmente num processo de luto.
Quanto mais regular for a exposição a estas personagens, mais forte se torna a relação parassocial, por isso, este sentimento é mais comum com séries ou livros do que com filmes.
Da próxima vez que acabares uma série, lembra-te que não estás a enlouquecer por te teres apegado a alguém que não existe. São só as nossas emoções a acontecerem.