“Soft Spots”, de Adult Mom, falha em deixar a sua marca
Stephanie Knipe criou Adult Mom em 2012, começando no mesmo ano a lançar música, produzida e gravada por si própria, no Bandcamp. Em 2015, o seu segundo full-lenght – “Momentary Lapse of Happily” – trouxe-lhe resposta positiva da crítica e do público, em muito graças à lírica e às temáticas abordadas. Este ano, Knipe lança Soft Spots, e, apesar da reutilização da receita do passado, não é capaz de suceder perante os artistas concorrentes que nos últimos anos se têm estabelecido no panorama musical do lo-fi, e que conseguem superá-la na maioria das vertentes – melódica, rítmica e criativa.
O álbum de 9 músicas, que ronda os 25 minutos, abre com “Ephemeralness”, um tema tão pouco cativante que mais parece uma introdução ao que se segue, “Full Screen”, do que propriamente uma música capaz de carregar os seus próprios – e breves – 2 minutos e 16 segundos. “Full Screen” é uma das mais aceleradas melodias do LP; e, ainda que sem grande novidade, a jovialidade presente nas gargalhadas e nas guitarras mid-2000s, quando conjugadas com a autobiográfica comédia-dramática da letra, parecem conseguir criar um dos temas que, dentro deste estilo de canções, melhor resulta no álbum. “J Station” corrobora que neste projeto as letras são o ponto de maior consistência e captação de audiência, através de uma escrita muito Courtney Barnett-iana de celebração do quotidiano – “One more time for old sake / I meet you by the BYOB place on Avenue A / A little drunk / Stopped for donuts / And I got robbed by the J Station”.
Os temas que mais apelam a uma segunda audição do álbum são, sem dúvida, o single “Tenderness” e a distinguível “Steal the Lake From The Water”. A primeira porque, ao mudar o ritmo no refrão, consegue dinamizar-se; e a segunda por utilizar uma sonoridade mais soturna, inexistente no resto de Soft Spots, fortificando a vertente emocional e depressiva da escrita de Knipe – “Call it what you want / I see myself under water / You call drowning swimming / As you watch me swallow water”.
Outras músicas como “Same” ou “Drive Me Home” reiteram que este é um álbum que não se demarca, e que Adult Mom falha em progredir e realçar-se por meio deste trabalho. É difícil, face aos recentes álbuns de Jay Som, Katie Crutchfield ou Frankie Cosmos, sentirmos vontade de regressar a este esquecível compêndio de músicas, fazendo-o apenas por mero uso da retórica lírica.
A sua voz, ainda que bonita, perde-se por entre as melodias, não prendendo o ouvido da audiência. As melodias não presam pela reinvenção, falhando de novo na tentativa de cativar. Talvez Knipe procure de facto só realçar a sua lírica, mas a ausência de um suporte mais representativo tornam-no insignificante. Não é um álbum mau; é só mais um, face a outros tantos lançamentos fortes deste ano, com os quais não consegue competir.