Bolsonarismo ilumina Lula na Europa
Torna-se tarefa árdua encontrar nas últimas décadas um líder político tão desastrado para o seu país e representativo de tão grande retrocesso civilizacional como é Bolsonaro no Brasil. Chega isso para que sirva como marioneta do enfraquecimento dos líderes populistas e xenófobos de extrema-direita na esfera global? Observando a imprensa francesa, alemã, internacional na sua generalidade, e o contraste de luz na visita europeia de Lula da Silva, é possível concluir que sim.
Fora do Brasil, a tragédia bolsonarista faz esquecer o pior dos tempos da corrupção no petismo e engrandece todo e qualquer índice de ontem em comparação a hoje. Do económico até ao ambiental e no qual até a insuspeita The Economist chega a descrever o país do cristo redentor como o herói transformado em vilão. Em 2019, passado pouco menos de meio ano da sua eleição, Bolsonaro conseguiu defraudar a parte incauta do seu eleitorado que interessava com uma crise económica fulminante e o esvanecer de uma suposta luta às práticas de corrupção, dando lugar a um acentuar daquilo que havia prometido combater e a todo um novo capítulo do nepotismo descarado no Brasil.
Desde aí e já depois do descalabro na gestão da pandemia, da boçalidade inigualável à vista de todo o mundo, dificilmente existirá algum investidor credível que veja com bons olhos a aposta neste Brasil. Tudo somado e vai-se dar a um desfecho que era em certa medida previsível para qualquer pessoa que estivesse mais atenta às raízes do movimento e à sua figura central desde o início. Nada mudou naquilo que qualquer singela análise política sugeria.
Bolsonaro é mais do que sempre foi.
De todo um outro contraste recente: enquanto governos europeus e o parlamento da U.E recebiam Lula da Silva, transmitindo um sentimento de esperança, Bolsonaro visitava alguns países do Médio Oriente na pele de um mercador sem chão, relembrando aos que precisam de ser relembrados destas coisas, o bem que Portugal fez em evitar desde 2019 um papel como absolvedor do atual regime brasileiro junto da União Europeia e do Ocidente.
É que grande parte da Europa e do mundo que olham hoje para o ex-presidente brasileiro, Lula, veem o herói que a pode livrar do vilão atual já no próximo ano. Até isso Bolsonaro e o bolsonarismo conseguiram.
É obra.