Ferro Rodrigues e Pacheco Pereira discutem a resistência dos estudantes às ditaduras
“Quando nos aproximamos do meio século de democracia em Portugal, podemos afirmar que foi muito graças ao movimento estudantil que a democracia se consolidou com mais força e rapidez”, afirma Pacheco Pereira. A inauguração da exposição “Resistência Estudantil à Ditadura” terá lugar no próximo dia 10 de dezembro, no Iscte, e mostrará algumas das obras criadas por estudantes que tiveram um papel político fundamental na luta contra a ditadura militar.
O Centro de Estudos Internacionais (CEI) do Iscte – Instituto Universitário de Lisboa e a Associação Cultural Ephemera inauguram a exposição documental “Resistência Estudantil à Ditadura” na próxima sexta-feira, 10 de dezembro. A abertura da exposição contará com José Pacheco Pereira e Eduardo Ferro Rodrigues para debater o ativismo estudantil no período do Estado Novo – enquanto testemunhas vivas de um regime político ditatorial e autoritário (ver link com Programa em anexo).
“Quando nos aproximamos do meio século de democracia em Portugal, podemos afirmar que foi muito graças ao movimento estudantil – ao seu papel na resistência e na oposição – que a democracia se consolidou com mais força e rapidez”, afirma Pacheco Pereira, responsável pelo arquivo Ephemera.
Organizada no âmbito do projeto “Free Your Mind: Youth Activism in Southern Europe in Times of Dictatorship”, a exposição “Resistência Estudantil à Ditadura” mostrará algumas das obras – cartazes, fotografias e peças artesanais de protesto – criadas por estudantes organizados que tiveram um papel político fundamental na luta contra a ditadura militar e contra o sistema repressivo que vigorava na época.
“Os estudantes acompanharam a resistência operária e a ação política clandestina nas suas diferentes fases: anarquista, republicana (do ‘reviralho’), comunista, socialista e esquerdista”, explica Pacheco Pereira. “Foi durante este movimento que se formaram muitos dirigentes comunistas, socialistas, católicos progressistas e esquerdistas e, por essa via, milhares de estudantes participaram diretamente em lutas que rapidamente perderam o carácter corporativo para se tornarem lutas políticas no pleno sentido da palavra”.
Segundo o responsável pelo arquivo Ephemera, o movimento estudantil foi “um grande mobilizador e um ‘formador’ que, a partir dos anos sessenta do século XX, se tornou uma constante nas universidades e nos liceus, tornando-as ingovernáveis para o regime”. A exposição “Resistência Estudantil à Ditadura” irá mostrar como esse movimento comunicou com vários outros movimentos de resistência – cooperativa, sindical, cultural, social e política.
“No 25 de Abril de 1974, o movimento estudantil teve de imediato um papel na mobilização política e, pela passagem nas Associações de Estudantes, muitos quadros tiveram a preparação necessária para o exercício de funções na nova democracia – em todas as áreas da governação – e onde eram precisos conhecimentos técnicos e científicos associados a uma política democrata”, afirma Pacheco Pereira.
A inauguração da exposição “Resistência Estudantil à Ditadura” terá lugar no próximo dia 10 de dezembro, às 10 horas, na Sala de Exposições do Edifício II, no Iscte.