Rodrigo Lourenço brilhou em Castelo Branco, a sua cidade natal. A casa estava cheia, em concerto de consagração
O jovem albicastrense, de apenas 17 anos, é o novo vencedor do The Voice Portugal, da RTP1, e foi recebido em apoteose no Cine-Teatro Avenida, em Castelo Branco, na sua cidade natal. Depois de há duas semanas ter vencido o programa televisivo, o artista deu o seu primeiro concerto a solo e foi recebido com muitos aplausos e agradecimentos, numa comunhão total com o público presente.
Foi com uma sala com mais de 700 lugares completamente esgotada que o jovem músico, de apenas 17 anos (sim, apenas 17 anos, tem sido difícil acreditar nisto com a intensidade com que as coisas lhe têm acontecido nos últimos tempos), abriu o concerto ao piano a tocar “Madrugada Sem Sono”, música de Gisela João que já havia tocado no The Voice Portugal. E assim começou um intenso aplauso logo à chegada, que se foi mantendo e ganhando ainda mais intensidade ao longo da mais de uma hora de concerto com que Rodrigo Lourenço presenteou a dedicada plateia que esteve presente e que nunca se imiscuiu de o fazer saber com diversos gritos e mensagens de apoio ao longo do espetáculo.
Este jovem de tão tenra idade, mas com uma maturidade vocal tão acima da média e surpreendente, não tem pudor nenhum de confessar que pode ainda não estar na fase ideal da vida para escrever muitos temas de autoria própria, por, segundo o mesmo, “ainda não ter vivido o suficiente para isso”, tendo já vários compositores em conversações para criar algo novo para que este se possa lançar com o contrato discográfico com a Universal com que foi presenteado no programa musical. Sente no entanto as dores dos outros como ninguém. Poucos terão certamente ficado indiferentes ao desespero sufocante e acutilante que foi o tema “Louca” cantado na final com Gisela João. Embora jovem e com muito para viver e que lhe irá certamente trazer material para criar novos temas baseados em vivências próprias, Rodrigo Lourenço tem uma capacidade natural e inerente de brilhar cantando o que outros sentem, como se sentimentos próprios de si se tratassem. Não é teatral, não exagera, têm-no mesmo à flor da pele, pronto a explodir e a arrebatar uma sala inteira.
E este concerto não foi diferente. O jovem que nunca tinha feito um concerto a solo na sua vida, arriscou-se num programa televisivo super competitivo e intenso e não desarmou até levar o troféu para a sua Beira Baixa, e depois, em menos de duas semanas da vitória e do reboliço todo que a mesma implica, arregaçou mangas, estreou-se em concertos e logo para uma sala que se esgotou totalmente para o receber. Ali, naquele palco a que já chama casa, Rodrigo trouxe parte do reportório que levou ao concurso televisivo, mas também com várias novidades e temas, nomeadamente “A Máquina”, dos Amor Electro, o mítico “No Rancho Fundo” ou mesmo “Eu Não Sei Quem te Perdeu”, de Pedro Abrunhosa. Alguns dos momentos altos da noite foram ainda as músicas que mais marcaram o seu percurso no programa televisivo, nomeadamente “La LLorona”, “Senhora do Almortão” (aquela música em que o jovem levou para a televisão nacional as Adufeiras do Rancho Etnográfico de Idanha-a-Nova e que deixou rendidos todos na região pela audácia e pela valorização do património que por cá existe) ou “Louca”, desta vez a solo.
O jovem foi acompanhado por Carlos Menezes no contrabaixo, Sebastião Pereira na guitarra portuguesa e Miguel Monteiro na guitarra. E que bem acompanhado foi! A tripla deu espetáculo e não teve qualquer problema em assumir também um papel principal, tanto a acompanhar o jovem, como depois com um tema só para si, tocado ao bater das palmas da plateia. O concerto teve ainda participações especiais do pianista Sebastião Mateus e do tio do jovem Rui Reis, no adufe, aquele que o jovem referiu ser o grande culpado pela aventura que viveu no The Voice e que terminou com a conquista do mais ambicionado prémio. A entrada do tio em palco foi aliás um dos (ou mesmo “o”) momentos mais comoventes da noite, com um longo abraço de gratidão entre ambos que durou largos segundos e que demonstrou bem a importância daquele momento, o primeiro concerto a solo de sempre na vida do jovem músico que aos 16 anos (na altura) abraçou a maior aventura da sua vida até agora.
Rodrigo acabou por ser várias vezes agraciado com salvas de palmas com todo o público de pé, numa verdadeira comunhão entre artista e plateia, com vários momentos de comunicação e interação, num concerto que, embora tivesse mais de 700 pessoas presentes não perdeu nunca o lado intimista que tem um concerto de um jovem que é da terra e que tão bem a representou a nível nacional.
O início de uma bonita viagem que está apenas a começar e que ainda assim já tem tanto para contar.
Pode ouvir o concerto na íntegra aqui: