Valter Lobo lança “Primeira parte de um assalto” sobre esperança, sociedades cinzentas e automatizadas
Cerca de sete anos depois de lançar “Mediterrâneo“, em 2016, Valter Lobo regressa com um novo disco de originais. O álbum, a ser editado a 25 de Março (hoje), está disponível em todas as plataformas de streaming e será disponibilizado em formato físico, através de um edição de autor, como já é característico do artista. O músico fará a sua própria distribuição física, directamente, com o público e nos concertos ao vivo.
“Primeira parte de um assalto” foi produzido e gravado por Pedro Sousa Moreira, num moinho de vento centenário (Casa do Vento, Torres Vedras), e conta com a mistura de Nelson Carvalho e masterização de Mário Barreiros. Jorge Moura assume ainda as guitarras e outros instrumentos deste novo trabalho que conta, também, com a participação ao piano de Luís Nunes aka Benjamim, em “Para T”.
Antes da pandemia começar, Valter Lobo tinha um disco praticamente pronto mas o “novo normal” deu-lhe as voltas. O artista decidiu guardar esse trabalho para outra altura, caso se volte a identificar com ele: “deixei de me identificar com o que lá dizia. Acho que estava num momento menos consciente e, só por isso, mais feliz. Mais tarde, com a observação da evolução dos comportamentos no mundo, tive que escrever outras coisas, mais particularizadas a algumas pessoas-tipo, ao que penso e sinto, muito menos generalista. Não são canções para pôr toda a gente alegre quando o mundo que criamos é mau!“. O artista acrescenta ainda que “As canções estão guardadas, talvez um dia as aproveite ou lhes dê nova vida mas para já não me revejo nelas. Numa delas cantava: “Iluminamos ruas juntos…” numa alusão a um determinado grupo de pessoas ou povo. Neste momento seria impossível de cantar isso“, assume o cantautor.
Em “Primeira parte de um assalto”, o artista de Fafe faz mais uma viagem imersiva onde fala sobre esperança mas, também, sobre sociedades cinzentas e automatizadas. O músico assume que foi o “estar em contacto com muitas pessoas conformadas com um determinado modo de vida, com crenças fixas, pensamento curto, com o tem que ser“ que o fez abordar, também, estes temas neste novo disco. Valter Lobo afirma ainda que fica nervoso com a inacção perante estas formas de estar/ser: “fico nervoso por ver pessoas agarradas a algo que lhes faz mal e se permitirem aguentar aquilo toda a vida“, acrescenta ainda o artista que, num artigo de opinião de 2021, ao Público, afirmava que a música “representa a injecção de sensibilidade que fará melhores os homens, que dá tom às suas estéticas e voz para que se construa um melhor lugar. É a viagem e o regresso.”
Músicas do disco “Primeira parte de um assalto”:
1 – O Que O Sol Guardou
2 – Privilegio
3 – Uma Melodia
4 – Para T
5 – Fizeste – Me Sonhar
6 – Brilha Na Vida
7 – Fado Novo
8 – Menina Mulher
9 – Desencanto
Ao mesmo tempo que revela um vínculo sempre muito pessoal com as canções, Valter Lobo assume-se, cada vez mais, como artista independente em todas as formas; seja na forma de pensar toda parte criativa na composição dos seus discos, seja, até, na forma de comunicar os seus trabalhos: “trabalhar e ter o controlo de todo o processo de criação e produção de uma obra artística traz-me uma experiência muito mais intensa, valiosa e uma ligação impossível de romper. É mais uma prova de que existi.”, afirma Valter Lobo.
Este novo trabalho será apresentado ao vivo em concertos em Guimarães, no Centro Cultural de Vila Flor, no âmbito do Westway Lab, a 9 de Abril, em Lisboa, no Teatro da Trindade a 19 de Abril e Porto, no Teatro Sá da Bandeira a 11 de Maio.