Biografia política “Angela Merkel, Retrato de uma Época”, da jornalista alemã Ursula Weidenfeld, chega às livrarias portuguesas
“Uma saga europeia” é como Carlos Moedas descreve a vida da antiga chancelar alemã, no prefácio da biografia política, “Angela Merkel, Retrato de uma Época”, da jornalista alemã Ursula Weidenfeld, que a Casa das Letras edita na próxima terça-feira, 29 de março. “Um livro que traça as relações tensas entre a antiga chanceler alemã e Vladimir Putin ao longo das últimas décadas.”, pode ler-se num comunicado enviado para a nossa redacção.
“Esta é a saga de alguém que cresceu numa nação dividida, descendente de imigrantes, educada no seio de uma família religiosa, formada num regime de partido único e, errada e repetidamente, subestimada por aqueles que a rodearam. Apesar de tudo isso, conquistou um lugar na nossa memória coletiva como uma incansável praticante do diálogo e da procura de soluções pragmáticas e merecedoras de consenso. Tendo governado numa era de enormes crises, deixa-nos esse exemplo. Deixa-nos pegadas vincadas na nossa construção europeia. Poucos carregaram tanto peso aos seus ombros. Tanta responsabilidade e tantas crises. Foi esse peso e estas características excecionais — descritas neste livro — que lhe deram ombros de gigante”, escreve Carlos Moedas, antigo eurodeputado e actual presidente da Câmara Municipal de Lisboa.
Até o final de sua chancelaria, Angela Merkel reuniu elevados níveis de consenso, em particular pela sua capacidade de gerir momentos de crise. O dom político que os alemães lhe reconhecem é o pragmatismo: uma qualidade que Helmut Schmidt gostaria, de bom grado, possuir. Ideologias, visões do mundo e questões de princípio nunca lhe despertaram particular interesse: ela deitou por terra várias bandeiras sagradas dos democratas-cristãos como a energia nuclear ou o serviço militar obrigatório. Por isso, os críticos argumentam que ser chancelar era o seu único “programa político”. E, no entanto, apesar de “tão anti-ideológica, tão desprovida de visão”, Merkel acabou por forjar uma época. Os anos de 2005 a 2021 são, sem dúvida, os “seus” anos.
Ninguém alguma vez, por sua própria vontade, renunciou ao mais alto cargo da política alemã. Angela Merkel fê-lo. Agora que a “Era Merkel” findou, é tempo de olhar para trás e perguntar: o que resta do proverbial pragmatismo da chanceler? A sua “estratégia de hesitação”, as suas decisões de última hora só deram frutos no imediato, ou foram ponto de partida para processos de mais longo prazo, cujos resultados só veremos após o fim do mandato?
A resposta de Ursula Weidenfeld é sim, Merkel será fundamental muito além do fim de sua carreira política. E os efeitos de seu governo serão sentidos nos anos mais próximos. Este livro é mais do que apenas um balanço. É uma visão abrangente do fenómeno Merkel: a chanceler, a mulher que mudou o destino da Alemanha. E da Europa.
“Quem quiser descrever a singularidade de Angela Merkel na história política da Alemanha deverá começar pelo fim – pela sua decisão de renunciar ao cargo. É inimaginável que um chanceler alemão abandone voluntariamente o cargo, algo que nunca aconteceu antes. Também é único que uma pessoa completamente desconhecida e sem qualquer experiência política ascenda do nada à chefia de um governo em quinze anos. Que uma mulher o tenha feito também nunca antes aconteceu. Angela Merkel conseguiu-o. A sua biografia política é um exemplo impossível para uma alemã ocidental da mesma geração. A sua saída quase voluntária no último momento é tanto um símbolo da sua Chancelaria como da sua vida: Angela Merkel é mais livre e independente do que a maioria e, ao mesmo tempo, indecisa até ao limite da dor. Para tomar decisões difíceis, espera até ser quase tarde demais.”, assume a jornalista em comunicado.
Ursula Weidenfeld estudou História Económica, Alemão e Economia nas universidades de Bona e Munique. Em 1989 doutorou-se em História Constitucional, Económica e Social pela Universidade de Bona. Foi correspondente em Berlim da Wirtschaftswoche e, mais tarde, editora desta revista de negócios. Trabalhou como editora de economia do jornal Tagesspiegel. Em 1999 integrou a equipa fundadora do Financial Times Deutschland em Hamburgo, tendo regressado em 2001 a Berlim como chefe do departamento de economia da Tagesspiegeltornando-se editora-chefe adjunta. Atualmente, trabalha em regime freelance como jornalista da área de negócios, e como apresentadora e comentadora em várias estações de televisão e rádio. Em 2007, Ursula Weidenfeld foi galardoada o Prémio Ludwig Erhard para Jornalismo Económico, sendo nomeada para o júri do mesmo no ano seguinte. Em 2012 recebeu igualmente o Prémio Karl-Hermann Flach.