Livro com conversas entre Haruki Murakmi e o maestro Seiji Ozawa chega às livrarias portuguesas
A Casa das Letras edita na próxima terça-feira, 12 de Abril, “Música, Só Música”, um conjunto de seis conversas entre o escritor japonês Haruki Murakmi e o maestro Seiji Ozawa, antigo diretor da Orquestra Sinfónica de Boston, onde partilham com os leitores os seus gostos, opiniões e, sobretudo, o desejo de saber tudo sobre a arte da música.
“Tenho muitos amigos que gostam de música, mas nenhum ama a música como Haruki Murakami. Quer se trate de jazz ou de música clássica, ele não se limita a gostar de música: conhece-a profundamente. Sabe os mais ínfimos detalhes: pormenores do arco-da-velha, histórias antigas de músicos, anedotas… É impressionante. Assiste regularmente aos concertos de música clássica e de jazz, e em casa passa a vida a ouvir discos. Sabe coisas que nunca me passariam pela cabeça. Graças a ele, veio-me à lembrança um sem-fim de recordações e, como se fosse pouco, fui capaz de falar com sinceridade e de deitar cá para fora uma série de coisas”, escreve o maestro Seiji Ozawa no posfácio deste novo livro.
Ao longo de dois anos conversou com Murakami sobre peças de Brahms e Beethoven, Bartók e Mahler, sobre diretores de orquestra como Leonard Bernstein e solistas fora de série como Glenn Gould, sobre peças de música de câmara e sobre ópera. Enquanto os dois ouvem discos e comentam diferentes interpretações, os leitores assistem a sumarentas curiosidades e confidências que, por certo, os contagiarão e despertarão neles o entusiasmo e o prazer infindável de desfrutar da música com novos ouvidos.
“Música, Só Música” tem prefácio e revisão técnica do maestro Martim Sousa Tavares, que considera que “um par de características sobressai de forma nítida ao longo destas conversas: Murakami tem o dom da palavra. Ozawa tem o dom da musicalidade. Tenho até a sensação de que Murakami faz perguntas para as quais já sabe a resposta, chegando mesmo a sugerir ou a formulá-las melhor do que Ozawa, mas, ainda assim, lança essas perguntas com o ânimo e a curiosidade de alguém que quer ouvir contada, mas desta vez melhor que nunca, uma velha história que conhece de toda a vida. Por outro lado, é inevitável o leitor questionar-se o que seria de Murakami caso tivesse enveredado pela música, e não pela literatura. Se tivesse decidido seguir música, teríamos um excelente músico com uma surpreendente aptidão para o comentário ou a interpretação literária. Pelo contrário, o que temos é o génio literário que ouve como um músico.”, afirma o maestro português.
A paixão de Haruki Murakami pela música, levou-o a ser dono de um clube de jazz em Tóquio, o famoso Peter Cat, como a impregnar de referências e vivências musicais a maioria dos seus romances e contos. Autor de culto, lido por todas as gerações e procurado com especial curiosidade pelos jovens leitores, encontrando-se traduzido em mais de 50 línguas. Sendo um dos escritores japoneses contemporâneos mais divulgado em todo o mundo, é simultaneamente aplaudido pela crítica. A Casa das Letras editou toda a obra de Murakami que recebeu vários honoris causa pelas universidades do Havai, Liège e Princeton em reconhecimento da sua obra, recompensada através da atribuição de importantes galardões internacionais, com destaque para os prémios Franz Kafka, Jerusalém e Hans Christian Andersen.
Seiji Ozawa é um dos mais importantes maestros dos nossos tempos. Exerceu funções de diretor musical da Orquestra Sinfónica de Boston durante 29 anos, e foi diretor da Orquestra Sinfónica de Toronto, da Sinfónica de São Francisco, da Orquestra Sinfónica de Chicago, do Festival de Ravinia e da Ópera Estatal de Viena. Com Kazuyoshi Akiyama, formou a Orquestra Saitō Kinen e é o diretor do Festival Seiji Ozawa em Matsumoto. Seiji Ozawa tem-se ainda envolvido na educação musical com a Orquestra do Festival de Tanglewood, com a Academia Internacional de Música de Câmara de Okushiga, com a Academia Internacional Suíça de Seiji. Entre as muitas honras recebidas, o maestro Seiji Ozawa foi ainda galardoado com a Ordem Nacional da Legião de Honra francesa, a Ordem da Cultura japonesa, o Kennedy Center Honor, a par de um Grammy destinado a premiar o melhor álbum de ópera (“A Criança e os Sortilégios”).