Os cinemas em Aveiro (ou a falta deles)

por Bernardo Oliveira,    10 Abril, 2022
Os cinemas em Aveiro (ou a falta deles)
Fotografia de Daniele Levis Pelusi / Unsplash

Há atividades que nos enriquecem, que nos inspiram, que nos fazem bem ao corpo e à alma. Para uns é correr, para outros jogar ténis, para outros ouvir música ou ir a concertos. Há uma variedade gigante para cada um de nós, e há ofertas para todos os gostos. Como tal, as cidades ou, pelo menos, as capitais de distrito, devem procurar oferecer diferentes tipos de oportunidades que promovam o contentamento da população. Contudo, há uma capital de distrito (será só uma?) que tem falhado na oferta aos consumidores de filmes em salas de cinema: Aveiro.

Já faz mais de dois anos desde que o município de Aveiro viu as suas salas de cinema encerrarem ao público. Na altura, nos inícios de 2020, devido às obras de ampliação do Glicínias Plaza, os aveirenses ficaram sem hipótese de ir a uma sala de cinema assistir aos filmes em exibição (as salas de cinema do Fórum Aveiro tinham encerrado pouco tempo antes). Entretanto, apareceu uma pandemia e a falta de salas nem se notou muito, uma vez que entrámos em confinamento. No entanto, e agora em 2022, os habitantes do município de Aveiro continuam sem salas para assistir, no grande ecrã, aos mais variados filmes que o grande público consegue ver noutras cidades. O Teatro Aveirense e o streaming são, para estas pessoas, das poucas alternativas.

Para poderem assistir a um filme em salas de cinema, os aveirenses têm de se deslocar a Coimbra, Porto ou, mais perto, São João da Madeira. São viagens que, no mínimo, demoram cerca de 40 minutos a serem realizadas. Acresce, portanto, ao preço do bilhete, o combustível gasto nas deslocações, possíveis portagens, scuts e o próprio desgaste do veículo. O comboio também pode ser uma alternativa mas também acrescenta um custo extra, para além de se depender dos horários disponíveis (assistir à sessão da noite pode significar não ter comboio para voltar no próprio dia). Ao habitante de Aveiro e arredores resta-lhe apenas o Teatro Aveirense, o único que ainda vai exibindo filmes no grande centro da capital de distrito.

Numa altura em que se sabe que Aveiro se candidata a ser capital europeia da cultura em 2027, é até uma das finalistas ao lado de Braga, Évora e Ponta Delgada, é estranho constatar que, há mais de dois anos, não tenha uma grande oferta de sétima arte.

Não é que haja falta de oferta cultural, seja de música, teatro ou até de mesas redondas onde se discute a cidade, e que está plasmada nas programações culturais do GrETUA, do Avenida Café-Concerto, da VIC Aveiro Arts House e do Teatro Aveirense ao longo do ano. Ainda assim, o acesso ao cinema deve ser garantido em qualquer capital de distrito e com oferta diversificada, seja de cinema de autor ou de cinema mais comercial. O serviço público tem de garantir a oferta (e garante até onde pode), faz parte da nossa Constituição garantir o acesso à cultura, e o privado sabe que há público que quer cinemas em Aveiro, até porque construíram cinemas novos na ampliação do Glicínias Plaza. O problema é que continuam fechados.

São mais de dois anos nisto. É tempo a mais. Alterem lá isto! E reabram as salas que foram construídas de raíz e que continuam fechadas. Está mais que na altura!

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