As paisagens antigas de ‘Snow’, de Angus and Julia Stone
Paisagens infinitas a perder de vista – é isto que os irmãos Stone nos oferecem no álbum Snow. A dupla australiana – de Sydney – não foge à fórmula que tem oferecido nos álbuns anteriores. Duetos em praticamente todas as músicas – com menos ou mais presença de um ou de outro – cenários de sonho e faixas para nos embalar.
Snow não é nada que não tenham já mostrado e feito. Apesar de satisfatório, peca por falta de originalidade. Os dois singles, “Snow” (com o mesmo nome do álbum) e “Chateau”, não conseguem cativar com a veemência de outros tempos. No primeiro, a voz de Julia corre o risco de se tornar irritante e o irmão também não salva a faixa. Perguntamo-nos o que terá acontecido nestes três anos que nos separam do último trabalho. “Chateau” é mais leve, faixa na qual ambos vão sussurrando o que poderia ser uma paixão de verão. Acaba por ser um dueto morno que continua a não ser capaz de nos transportar para o hotel Chateau Marmont.
A primeira metade das faixas de Snow são desinspiradas. Liricamente, o grupo já conseguiu mostrar mais, e instrumentalmente já foram outros, sem dúvida melhores. O refrão de “Cellar Door” (“If you call me/I’ll be there/If you call me/You will find me”) é possivelmente o menor esforço, no que à prosa diz respeito. Sendo que as guitarras não convencem, tornam-se apenas um apontamento menor na grande maioria das faixas. “Sleep Alone” mantém o regime folk e sonhador, tendo sido feita uma escolha incompreensível de distorção da voz de Julia Stone que não coaduna com o resto do trabalho.
As faixas da segunda metade do álbum que mais nos farão recordar aquilo que o grupo é capaz de fazer são certamente “My House Your House” e “Baudelaire”. Ambos os vocalistas brilham, e acabam por fazer bem o que sabem e nos têm apresentado nos trabalhos anteriores. A primeira, com uma composição simples de piano e uma bateria, acaba por fazer o que o dueto apenas tentou em grande parte das outras faixas, levar-nos para um lugar que julgam mágico e embalar-nos. “Baudelaire” destaca-se, pois é aqui que os irmãos Stone nos levam ao local de onde nunca deveriam ter saído, as suas paisagens mágicas. O álbum finaliza com “Sylvester Stallone”, onde finalmente nos contam uma história amorosa simples, sendo sem dúvida o melhor dueto do álbum.
Infelizmente, Snow acrescenta pouco ao trabalho prévio dos irmãos Stone. Evidencia alguma acomodação ao que têm feito até aqui, produzindo de um modo mais aborrecido aquilo que já mostraram ser capazes de fazer melhor anteriormente.