Viagem para o Algarve
As viagens rumo às merecidas férias começam no dia anterior. Coloca-se a roupa em cima da cama, abre-se a mala no chão e seleciona-se aquela que melhor se aplica ao clima que vamos encontrar. “Levo roupa suficiente?”, “Não será roupa a mais?”, “E se, entretanto, ficar frio e vento? Tenho de estar prevenido!”. Estas são as questões que surgem, que nos acompanham quando deitamos a cabeça na almofada e calculamos se tudo o que foi escolhido foi a opção mais acertada.
O dia seguinte, o derradeiro, começa com o toque do despertador. Levantar o corpo cansado de vários meses de trabalho não custa. A semana que se segue é a mais aguardada, num total de 365 dias. Alentamos o sonho de umas férias maravilhosas, conforme merecemos.
A manhã é normal, exceto a azáfama de levar as diferentes malas para o carro. “Falta alguma coisa?”, questiona um familiar sempre desconfiado. Partir para longe tem sempre estas perguntas. Convém sempre levar-se tudo o necessário, para que tudo corra da melhor forma.
A viagem inicia-se. A paisagem que acompanha o nosso quotidiano ganha outra cor, a da despedida. Sabemos que, durante sete dias, os nossos olhos não passarão naqueles prédios, naquelas pastelarias, naquelas árvores. Vem aí a semana de descanso.
O carro prossegue o seu curso natural. Outros circulam, uns nos afazeres laborais, outros com objetivos semelhantes ao nosso. Uns circulam conforme a lei, outros nem por isso. Anda-se a boa velocidade, e calcula-se quanto tempo falta para chegar.
Chega o momento da primeira paragem. A área de serviço é escolhida conforme a fome para o pequeno-almoço. Estacionamos o carro e avistamos diferentes famílias. Crianças ansiosas pela areia e água salgada, outras de boné, calção e chinelo, ainda que a temperatura, se fosse diferente a estação do ano, pedisse outro tipo de vestimenta. Degusta-se a nata enquanto se bebe o café, tem-se conversa ocasional e confirma-se a paragem de almoço. Aproveita-se para ir à casa de banho antes de, novamente, partir.
A viagem prossegue até ao almoço, onde, após estacionamento, a fila à porta dos diferentes restaurantes abunda. O senhor diz para se aguardar um bocadinho, não o quantificando. Chegado o momento de finalmente sentar e comer alegremente, por vezes comidas não habituais. Estamos de férias, numa outra cidade, e isso remete-nos para fazer coisas novas.
Acabada a refeição, é altura de seguir viagem. A autoestrada continua a ser a mais fiel amiga, bem como aqueles que por aí circulam. De vez em quando, verificam-se desvios comportamentais de alguns condutores, nada de novo no ser humano.
O sol começa a atingir elevadas temperaturas, e a frequência do rádio tem de ser alterada. O destino está perto, e é altura de sair para a estrada nacional. Eis a paisagem que vemos uma vez por ano. O estádio de um clube de divisões baixas, os escorregas de algum parque aquático, o castelo que se mantém firme com o passar dos séculos.
O ponto de chegada está a poucos minutos. A concentração de pessoas é abundante. Vemos europeus e não europeus, portugueses e estrangeiros, tudo confluindo no mesmo espaço. O descanso semanal é comum a quase todos, bem como os calções e a tshirt. É altura de descarregar as malas e estacionar o carro, antes de finalmente entrar na nova casa.
Janta-se qualquer coisa, e a seguir é tempo de sentar no sofá a ver um pouco de televisão. O dia da viagem é cansativo, não só para quem conduz. Deitamo-nos na nova cama, fechamos os olhos. A semana que aí vem promete descanso, e passam-nos inúmeras coisas que podem ser feitas. Acabo por adormecer. Amanhã é dia de praia.