Teatro Nacional São João abre temporada no Porto, Barcelona e Bordéus

por Comunidade Cultura e Arte,    6 Setembro, 2022
Teatro Nacional São João abre temporada no Porto, Barcelona e Bordéus
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Produções do Teatro Nacional São João abrem a nova temporada do Teatre Nacional de Catalunya, em Barcelona, e do Théâtre national de Bordeaux en Aquitaine, em Bordéus. Internacionalização marca a programação do teatro nacional portuense para a temporada 2022/2023, numa altura em que se assinalam 30 anos como Teatro Nacional.

O Teatro Nacional São João acaba de anunciar a programação artística para o período entre setembro de 2022 e março de 2023. A nova temporada começa de forma inédita com a apresentação de produções além-fronteiras.

Depois da estreia no Porto, a adaptação de Nuno Cardoso da obra de José Saramago Ensaio Sobre a Cegueira ruma até Barcelona. O espetáculo, bilingue, que resulta de uma parceria do São João com o Teatre Nacional de Catalunya, fará a abertura da temporada deste teatro a 29 de setembro, onde fica em cena durante um mês. Entre 4 e 8 de outubro, é a vez da estreia de Para que os Ventos se Levantem: Uma Oresteia, espetáculo que acrescenta um capítulo ao processo de internacionalização em curso do Teatro Nacional São João. Coproduzido com o Théâtre national de Bordeaux en Aquitaine, em Bordéus e encenado pelos diretores artísticos dos dois teatros, Oresteia é mais uma parceria do Teatro São João que coloca a língua portuguesa em diálogo, desta feita com o francês. Esta digressão europeia prossegue a 21 de novembro, em Cluj, na Roménia, onde À Espera de Godot, produção do TNSJ encenada por Gábor Tompa, sobe ao palco no âmbito do Festival Interferences, na Roménia. No primeiro trimestre de 2023, seguem-se digressões em França de Para que os Ventos se Levantem: Uma Oresteia.

A Praia e talvez… Monsanto inauguram nova temporada

O arranque da temporada dá-se a 14 e a 16 de setembro, com espetáculos assinados por duas figuras centrais da história recente do TNSJ. Primeiro, no Teatro Carlos Alberto, sobe ao palco A Praia, do dinamarquês Peter Asmussen, com encenação de João Reis. O espetáculo gira em torno das dúvidas e desassossegos de dois casais que se conhecem durante umas férias de verão num hotel deserto na costa nórdica, a ele regressando ano após ano. Fica em cena até 24 de setembro. 

Já o Teatro São João assiste ao regresso de talvez… Monsanto, um espetáculo do encenador Ricardo Pais, estreado neste mesmo palco em dezembro de 2020.talvez… Monsanto é um encontro entre o teatro, a música e a palavra. O espetáculo junta a atriz Luísa Cruz e o fadista Miguel Xavier às Adufeiras de Monsanto, colocando em coabitação o rural e o urbano, o ancestral e o moderno. A visita ao universo ricardopaisiano pode ser feita até 25 de setembro.

Produções do TNSJ: OresteiaEnsaio Sobre a Cegueira e As Bruxas de Salém

Depois da estreia no Théâtre national de Bordeaux en Aquitaine, em Bordéus, Para que os Ventos se Levantem: Uma Oresteia pisa o palco do Teatro Nacional São João. O espetáculo, produzido a partir da trilogia de Ésquilo reescrita pelo dramaturgo franco-iraniano Gurshad Shaheman, resulta de mais uma coprodução do TNSJ. Num espetáculo que interroga os alicerces do ideário democrático, Nuno Cardoso e Catherine Marnas, diretores artísticos das duas instituições, trabalham com um elenco de jovens atores franceses e portugueses. O espetáculo, bilingue, estará em cena de 20 de outubro a 6 de novembro. 

Também Ensaio Sobre a Cegueira regressa ao Porto depois da temporada em Barcelona e de passagens por Braga e Aveiro. Na reta final das comemorações do Centenário de José Saramago, a encenação de Nuno Cardoso sobe novamente ao palco do Teatro São João, de 9 a 18 de dezembro.

Já em 2023, estreia mais uma produção do TNSJ: As Bruxas de Salém, de Arthur Miller. A peça, baseada em factos históricos, remonta a 1692, à pequena comunidade americana de Salém, onde mulheres e homens são perseguidos e julgados por bruxaria. Nesta nova encenação, Nuno Cardoso prossegue a inquirição dos alicerces da vida em comunidade, num outro ensaio sobre a cegueira do homem social. As Bruxas de Salém estreia no dia 16 de março, no Teatro São João, onde fica em cena até 7 de abril.

Finisterra – O TNSJ no centro do teatro europeu

Em 2023, o Teatro Nacional São João apresenta Finisterra, um projeto gerado no interior da União dos Teatros da Europa, rede que integra desde 2003. Desenvolvido em conjunto por dez teatros nacionais europeus, Finisterra é um projeto em que cada produção resulta da parceria de dois teatros nacionais, nos quais é levada à cena. Os cinco espetáculos sobre a matriz clássica da tragédia chegam ao Porto a partir de janeiro e são sequencialmente apresentados pelo TNSJ, ocupando um mês de programação.

Esta mostra de espetáculos internacionais abre no Teatro São João com Iphigénie, uma criação de Tiago Rodrigues. Nesta produção, o novo diretor do Festival d’Avignon interroga-se sobre qual seria o destino de Ifigénia se os homens, que decidem a sua sorte, não se submetessem à autoridade dos deuses. A Iphigénie, seguem-se os espetáculos Decalogue of AnxietyPrometheus ’22, Fires e Jocasta. Finisterra estará no Teatro São João e no Teatro Carlos Alberto entre 27 de janeiro e 25 de fevereiro de 2023.

As palavras de Ana Luísa Amaral no palco do São João

Em novembro, o Teatro Nacional São João junta-se ao Ensemble – Sociedade de Atores para apresentar pela primeira vez Bruscamente no Verão Passado, peça de Tennessee Williams, escrita em 1958, que se tornou num dos grandes clássicos do cinema de Hollywood. “Quem era Sebastian? O que lhe aconteceu,bruscamente no verão passado?” são as interrogações em torno das quais se constrói toda a narrativa da peça. Produzida a partir de uma nova tradução da poeta Ana Luísa Amaral, tem encenação de Carlos Pimenta e pode ser vista no Teatro São João de 17 a 27 de novembro. O regresso às palavras e traduções de Ana Luísa Amaral acontece também no dia 26 de novembro, num tributo do TNSJ à investigadora, professora, ensaísta, ficcionista, tradutora e poeta que faleceu este verão.

FIMP no Teatro Nacional São João

O Teatro Nacional São João volta a receber o Festival Internacional de Marionetas do Porto (FIMP). Os dois espetáculos desta edição serão apresentados no Teatro Carlos Alberto. A 12 de outubro, é apresentado Maiakovski – O Regresso do Futuro, dirigido por Igor Gandra, e nos dias 15 e 16 de outubro é a vez deCómo Convertirse en Piedra, um espetáculo da encenadora chilena Manuela Infante.

Coproduções do TNSJ em estreia e em itinerância pelo país

Novembro e dezembro são meses de estreias no Teatro Nacional São João. Voz, uma parceria com o Teatro do Frio, é o primeiro espetáculo a estrear. Sobe ao palco do Teatro Carlos Alberto, no dia 6 de novembro. Segue-se a estreia de Bruscamente no Verão Passado. Depois, a 7 de dezembro, será a vez de Rei João, um espetáculo promovido pela Escola do Largo, ser apresentado pela primeira vez, no TeCA.

Além da já mencionada apresentação de Ensaio Sobre a Cegueira no Teatre Nacional de Catalunya, em Barcelona, no Theatro Circo, em Braga, e no Teatro Aveirense, em Aveiro, outros espetáculos e coproduções do São João estarão em circulação nacional esta temporada. Destaque para o regresso de À Espera de Godot, encenado por Gábor Tompa, que passa, nos dias 10 e 11 de novembro, por Viana do Castelo, antes de partir para Cluj, na Roménia. Já no regresso, estará em Braga, nos dias 15 e 16 de dezembro.

Centro Educativo completa a oferta cultural do TNSJ

A programação do Teatro Nacional São João completa-se com música, leituras, oficinas, clubes de teatro para todas as idades, e com o regresso de Visitações, o projeto porta-bandeira do Centro Educativo. Nesta temporada, as seis escolas selecionadas debruçar-se-ão sobre a Adolescência, através da interpretação de textos dramáticos escritos por autores escolhidos por quatro teatros europeus, no âmbito do projeto Between Lands. Também de regresso estão as já habituais oficinas criativas e formações destinadas ao público, assim como as Leituras no Mosteiro e os Clubes de Teatro. 

Nesta temporada, o Centro Educativo lança ainda a segunda edição da nova unidade curricular optativa para os estudantes da Universidade do Porto, intitulada Volta ao Palco em 80 Horas. Entre outubro e dezembro, os alunos que optem por ingressar nesta formação terão a oportunidade de acompanhar as várias etapas de criação de um espetáculo, desde os ensaios até à apresentação ao público.

No âmbito do protocolo entre a Fundação Centro Cultural de Belém e o TNSJ, o projeto Teatro Portátil chega ao São João com mais três espetáculos seguidos de conversas informais. Com curadoria do CCB/Fábrica das Artes, este programa parte das obras de Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas e Alice do Outro Lado do Espelho, e cruza a criação artística para a infância com a filosofia. As três peças estarão no Mosteiro de São Bento da Vitória e no Teatro Carlos Alberto, a 19 de outubro, 3 de novembro e 14 de dezembro, e têm como públicos-alvo alunos do 1.º e 2.º ciclos do ensino básico.

MUSIC4L-MENTE, e outras iniciativas

Paralelamente à produção teatral, o Mosteiro de São Bento da Vitória vai receber pela segunda vez o ciclo MUSIC4L-MENTE, uma parceria entre o DSCH – Schostakovich Ensemble, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e o Teatro Nacional São João. MUSIC4L-MENTE explora a interdisciplinaridade entre a música e a ciência em concertos de música de câmara. Os concertos realizam-se entre dezembro de 2022 e junho de 2023, com a interpretação de obras de referência de grandes compositores dos séculos XVIII ao XXI.

Um Teatro Nacional que é também uma editora teria de ter a sua própria feira do livro. De 9 a 18 de dezembro, o São João organiza uma Feira do Livro de Teatro, claro, disponibilizando preciosidades com descontos até 80%.

Antes, em setembro, são lançados dois novos livros. A tradução de António M. Feijó de Noite de Reis, de William Shakespeare, é reeditada. O lançamento da nova edição do livro, publicado em 1998, para a encenação de Ricardo Pais, será dia 17 de setembro, no Teatro São João, numa sessão que contará com a presença do tradutor e do encenador. Já no dia 24, será lançado A Cidade dos Que Partem, de Ricardo Alves e Salgueirinho Maia, no Teatro Carlos Alberto. A Cidade dos Que Partem foi um espetáculo cantado e desencantado com a cidade do Porto. Treze anos depois de subir ao palco do Teatro Carlos Alberto, o Teatro da Palmilha Dentada promove uma conversa com profissionais da cultura que aqui viveram, que daqui saíram e que aqui voltaram.

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