Obras literárias reeditadas com apelido materno dos autores homenageiam mulheres
Obras clássicas e contemporâneas da Penguin Random House ganharam edições novas assinadas com o apelido materno dos seus autores, uma iniciativa que celebra o Dia da Mulher desafiando convenções e reavivando o debate sobre a discriminação feminina.
Criada a pensar no dia 08 de março, Dia Internacional da Mulher, a campanha “Em nome da mulher” consiste numa edição especial de clássicos, de alguns dos autores mais famosos do mundo, e de obras contemporâneas de autores portugueses, mas cujos nomes surgem na capa com o apelido materno, anunciou hoje a editora.
“Otelo”, de William Arden (em vez de Shakespeare), “Persuasão”, de Jane Leigh (Austen), “A metamorfose”, de Franz Löwy (Kafka), ou “O retrato de Dorian Gray, de Óscar Elgee (Wilde), são alguns dos livros que podem ser comprados através do ‘site’ da editora, que pensou nesta mudança de nomes com o objetivo de “mudar mentalidades”.
O grupo editorial salienta que o uso, por defeito, do apelido do pai é uma “construção social enraizada em convenções datadas”, que quer utilizar como ponto de partida para questionar a representação da mulher na sociedade.
O objetivo é reavivar o debate, pôr em causa esta convenção e dar visibilidade à mulher, sendo este um “primeiro e simbólico passo, para que se discutam as convenções que ainda discriminam silenciosamente as mulheres”.
Entre os clássicos Penguin que ganharam agora uma nova edição, encontram-se também “O príncipe”, de Nicolau Nelli (Maquiavel), “Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens”, de Jean Jacques Bernard (Rousseau), e “Bartleby, O Escrivão”, de Herman Gansevoort (Melville).
Os clássicos portugueses que ganharam uma nova versão com o apelido materno são “Toda uma literatura”, de Fernando Nogueira (Pessoa) e “Amor de Perdição”, de Camilo Ferreira (Castelo Branco).
Entre os contemporâneos, encontram-se “As Três Vidas”, de João Tordo, nesta edição apresentado como João Branco, “Processo de Humanização em Curso”, de Diogo Biu (Faro), “Raparigas como nós”, de Helena Vilas Boas (Magalhães), e “Tudo o que aprendi com as minhas filhas”, de Catarina Martins (Raminhos).
Além desta edição especial que tem como mote “uma mudança de nome pensada para mudar mentalidades”, a editora lança também um desafio aos portugueses, para que alterem o nome para o apelido materno nas redes sociais e entrem na conversa usando a hashtag #EmNomeDaMulher.