Dave Douglas, Joey Baron, Susana Baca e Seun Kuti no Auditório de Espinho até junho
Ao palco do Auditório de Espinho | Academia subirão ainda diferentes orquestras, o concerto para bebés “1bigo”, um ciclo de conferências sobre jazz conduzido pelo compositor e trombonista Paulo Perfeito, uma exposição de fotografia em que Eduardo Martins analisa a relação entre migração e pescas, e o espetáculo teatral “Depois da Chuva”, inserido no festival Mar-Marionetas.
“O Auditório de Espinho continua a consolidar a sua missão de serviço público, com uma programação ampla, com forte pendor internacional, que vai da música erudita ao ‘afrobeat’, passando pelo jazz, ‘world music’, concertos das suas estruturas residentes, espetáculos para crianças e ciclos de palestras, com algumas estreias”, declara à Lusa o programador André Gomes.
O objetivo é proporcionar “um conjunto de propostas surpreendentes e coerentes” a um público que esse responsável descreve como cada vez mais exigente, “curioso e aberto à novidade”.
Nesse sentido, “uma das propostas mais aguardadas” da nova programação da casa é a estreia nacional do duo Dave Douglas e Joey Baron, em que a “prolífica trompete” do primeiro se associa à bateria do segundo para demonstrar porque é que a cumplicidade musical entre ambos os tornou uma referência do jazz contemporâneo.
Também no mesmo género musical, há dois outros espetáculos previstos, um pelo quarteto de Carlos Bica e outro pela Orquestra de Jazz de Espinho.
No primeiro caso, o contrabaixista atuará com o saxofonista José Soares, o vibrafonista Eduardo Cardinho e o guitarrista Gonçalo Neto, num encontro em que a experiência se harmoniza com o que André Gomes define como “alguns dos mais talentosos e criativos executantes de uma nova geração de músicos portugueses”.
No que se refere à orquestra gerada na própria Academia de Espinho, terá como convidado o saxofonista-alto David Binney e explorará composições do norte-americano que se distingue por uma “sonoridade enérgica e um fraseado elaborado e assertivo”.
Outro concerto que André Gomes diz gerar “especial expectativa é o da cantora peruana Susana Baca, poetisa, investigadora, ativista e até ex-ministra da Cultura” no seu país.
A artista assinala agora 50 anos de uma carreira dedicada “ao resgate da canção afro-peruana” e trará a Espinho temas do álbum “Palabras Urgentes”, que, editado em 2021, foi então classificado pelo jornal francês Le Monde como “um dos discos mais sedutores do ano”.
Até junho, o Auditório de Espinho vai ainda receber três vezes a Orquestra Clássica da casa: primeiro para acompanhar o “Requiem”, de Gabriel Fauré, com o Coro Sinfónico Inês de Castro, o Orfeon Académico de Coimbra, a soprano Sónia Grané e o barítono Tiago Matos, num concerto cuja receita reverte para a reabilitação da Igreja Matriz de Espinho; depois para interpretar Koppel, Sibelius e Dvorák com a violoncelista Anastasia Kobekina, a violinista Matilde Margalho e o percussionista Pedro Simões; e finalmente para dar a conhecer novos solistas da Escola Profissional de Música de Espinho.
Pela mesma sala vai ainda passar o coletivo Vozes da Rádio, desta vez com o Projeto Benjamim, que reúne alunos da Academia. Juntos vão explorar o que André Gomes caracteriza como o estilo “bipolar” do grupo português, expresso em canções que “ora são portadoras de um charme e de uma subtileza aveludada, ora são hilariantes exercícios da loucura mundana”.
Duas últimas propostas no trimestre: o quarteto do clarinetista e compositor Louis Sclavis, ao qual o programador do auditório reconhece “uma notável história de reinvenção e criatividade”, como demonstrará o repertório do disco “Les Cadendes du Monde”, inspirado em viagens pela antiga Jugoslávia, Turquia, Irão, Afeganistão e Paquistão; e o espetáculo “Pororó”, na estreia absoluta do formato que junta o multi-instrumentista brasileiro Domenico Lancellotti ao guitarrista português Norberto Lobo.