Teatro D. Maria quer “dar alimento” à fome de teatro em Portugal e inicia “Odisseia” nos Açores
O diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II, Pedro Penim, entende que é necessário “continuar a investir” na produção de teatro em Portugal, no sentido de “dar alimento” à “fome de teatro” que existe no país.
“Nós notámos que a taxa de ocupação no Teatro D. Maria II subiu após a pandemia, mas temos de continuar a investir, no sentido de dar alimento à fome de teatro que existe em Portugal”, realçou o diretor artístico, em conversa com os jornalistas, hoje, na cidade da Horta, nos Açores, no lançamento da Odisseia Nacional na região, que aquela instituição pretende levar a todo o país, incluindo as regiões autónomas.
Para Pedro Penim, esta digressão nacional que o Teatro D. Maria II está a realizar desde janeiro, a pretexto das obras de recuperação que estão a decorrer no edifício, no Rossio, em Lisboa, mostram também que o teatro “pode chegar a mais pessoas”, desde que haja o apoio das autarquias e de outras instituições culturais.
“Nos espetáculos que já realizámos no Norte e no Centro do país, já contabilizámos 19 mil espetadores. Estamos agora nos Açores e ainda pretendemos ir à Madeira, ao Alentejo e ao Algarve”, explicou Pedro Penim, adiantando que a intenção é aproximar o teatro das populações, assumindo-se também como um projeto de coesão territorial.
Sónia Teixeira, vogal do Conselho de Administração do Teatro D. Maria II, considera, por seu lado, que esta Odisseia Nacional representa um grande desafio, sobretudo em termos logísticos, e numa região arquipelágica como os Açores.
“Foi necessário muito planeamento e o apoio das câmaras municipais e da Direção Regional de Cultura dos Açores”, frisou a administradora, lembrando que a insularidade, tem os seus custos.
No Teatro Faialense, na Horta, será apresentado, este fim de semana, o espetáculo “O Misantropo” de Moliére, numa adaptação para comédia da autoria de Hugo Van Der Ding e Martim Sousa Tavares, com encenação de Mónica Garnel.
Seguem-se depois apresentações em Angra do Heroísmo (ilha Terceira), a 15 de julho, e na Ribeira Grande (São Miguel), a 22 de julho.
Paralelamente a este espetáculo de teatro, a editora Discos de Platão vai também desenvolver, nas mesmas localidades, um projeto de participação com a comunidade local, denominado “Canta Conto Conta”, que envolve uma parceria com as instituições culturais de cada concelho.
O Teatro Nacional D. Maria II vai ainda apresentar uma exposição na Ribeira Grande, entre 08 e 29 de julho, denominada “Quem és tu?”, com curadoria de Tiago Bartolomeu Costa, que reúne materiais documentais (figurinos e trajes, fotografias, registos sonoros e audiovisuais) sobre a história social e política do país, desde a ditadura à atualidade, com base no arquivo e no repertório do teatro.
Já em Ponta Delgada, será apresentado o espetáculo “Casa Portuguesa”, de Pedro Penim, além de vários ciclos de formação destinados a profissionais de cultura, integrados no programa de formação “Nexos”.
Os Açores são a terceira região do país por onde passa a Odisseia Nacional do Teatro D. Maria II, depois dos primeiros seis meses do ano no Norte e Centro do país, numa digressão que já envolveu 54 concelhos e milhares de participantes e espetadores.