Associações de músicos do Stop admitem como “boa” proposta da Câmara do Porto

por Lusa,    21 Julho, 2023
Associações de músicos do Stop admitem como “boa” proposta da Câmara do Porto
Fotografia de Sam Moghadam Khamseh / Unsplash

Os representantes das duas associações de músicos receberam com cautela as propostas da Câmara do Porto para a reabertura do centro comercial Stop, mas admitindo que, a breve prazo, será uma boa solução.

A Câmara do Porto propôs hoje o regresso dos músicos ao centro comercial Stop sob condição do cumprimento de medidas de segurança no período até ao final de licenciamento da obra, que deverá estender-se até outubro.

Da proposta feita pelo município faz parte a presença de uma equipa de bombeiros sapadores à porta do Stop durante as 12 horas diárias em que poderá funcionar, sete dias por semana, mais ações de formação em segurança. 

Bruno Costa, da associação Alma Stop, agradeceu a proposta e frisou que “ainda tem de ser analisada com cuidado” e que irão “ouvir toda a gente”.

“Isto resolve uma série de problemas, falamos da segurança do edifício (…) mas posto isto uma das coisas que teremos de discutir é o horário porque nenhum de nós, obviamente, quer ir contra a lei do ruído (…) mas é importante falar de coisas como cargas e descargas pois a maioria das atuações é à noite e, por esse motivo, há que levar as coisas para o local no final dos concertos”, descreveu o músico.

Bruno Costa assegurou ainda que a manifestação agendada para segunda-feira à tarde se mantém porque é necessário “mostrar o quão importante o centro comercial é para a cultura local, nacional e internacional dada a quantidade de artistas que dá concertos lá fora que tem contratos discográficos com editoras lá fora”.

Sobre a opção Escola Pires de Lima expressou a necessidade de averiguar as “condições e o espaço”, admitindo poder “funcionar em simultâneo com o Stop”. 

“A nossa prioridade é o Stop (…) que é um local emblemático. Vamos discutir tudo isto ainda hoje a fundo”, disse, manifestando a “esperança e a convicção” de que vão conseguir regressar ao centro comercial.

Rui Guerra, da Associação Cultural de Músicos do Stop, enfatizou também a necessidade de ouvir toda a gente antes de tomar uma decisão.

“Esta seria uma boa solução a curto prazo. Muitos de nós estamos parados por falta de condições para ter o material, e esta situação permite-nos reabrir as salas e recomeçar em breve a trabalhar”, admitiu o dirigente.

Sobre a questão dos horários defendeu que “não é o ideal, mas já não é mau” e terminou a revelar que “as soluções hoje comunicadas, basicamente, foram as pedidas pelas duas associações na reunião de quinta-feira [com a Câmara do Porto). 

Na terça-feira, mais de uma centena de lojas do centro comercial Stop foram seladas pela Polícia Municipal “por falta de licenças de utilização para funcionamento”, justificou a Câmara Municipal do Porto.

Centenas de músicos ocuparam durante cerca de cinco horas a Rua do Heroísmo em protesto, obrigando a polícia a desviar o trânsito automóvel para outras artérias da cidade.

O centro comercial Stop funciona há mais de 20 anos como espaço cultural e diversas frações dos seus pisos são usadas como salas de ensaio ou estúdios por vários artistas.

Em conferência de imprensa, na quarta-feira, o presidente da Câmara do Porto garantiu que não vai autorizar a construção de “nenhum hotel” no local do centro comercial e que a compra do edifício pela autarquia não é viável.

“Eu não sei de nenhum interesse imobiliário e posso-lhe dizer uma coisa, a Câmara Municipal do Porto não autoriza ali a construção de nenhum hotel, se for caso disso. (…) A história de que o que nós queremos é gentrificar aquilo parece-nos uma história absurda”, respondeu Rui Moreira quando confrontado com acusações de alegados interesses imobiliários estarem na origem da selagem das lojas.

A Câmara do Porto apresentou duas alternativas para o realojamento dos músicos, nomeadamente a escola Pires de Lima e os últimos andares do Silo Auto.

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