Israel boicota Web Summit Lisboa após Paddy Cosgrave acusar israelitas de cometerem “crimes de guerra”

por Lusa,    16 Outubro, 2023
Israel boicota Web Summit Lisboa após Paddy Cosgrave acusar israelitas de cometerem “crimes de guerra”
Paddy Cosgrave / Fotografia de Sam Barnes/The Gathering via Sportsfile – Wikimedia Commons

Israel cancelou a sua participação na Web Summit em Lisboa, na sequência das declarações do seu cofundador, o irlandês Paddy Cosgrave, onde acusou os israelitas de cometerem “crimes de guerra” na sua luta contra o Hamas.

O embaixador de Israel em Portugal, Dor Shapira, revelou hoje que informou o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, de que o seu país irá falhar uma das maiores conferências tecnológicas do mundo devido às “declarações ultrajantes” de Cosgrave.

Dezenas de empresas já cancelaram a sua participação nesta conferência e encorajamos outras a fazê-lo”, realçou o diplomata, numa nota na rede social X (antigo Twitter).

Na mesma rede social, Cosgrave escreveu, em 13 de outubro, uma publicação que resultou numa onda de críticas entre várias responsáveis de empresas tecnológicas israelitas.

Estou impressionado com a retórica e as ações de tantos líderes e governos ocidentais, com a exceção particular do Governo da Irlanda, que pela primeira vez estão a fazer a coisa certa. Os crimes de guerra são crimes de guerra mesmo quando cometidos por aliados, e devem ser denunciados pelo que são“, destacou Paddy Cosgrave.

Em reação, o embaixador israelita defendeu que, “mesmo nestes tempos difíceis”, Cosgrave “é incapaz de deixar de lado as suas opiniões políticas extremistas e denunciar as atividades terroristas do Hamas contra pessoas inocentes”.

Devemos ter tolerância zero em relação aos atos terroristas e de terror”, sublinhou ainda Dor Shapira.

Também muitos utilizadores da rede social X reagiram às publicações do cofundador da Web Summit com críticas, partilhado a ‘hashtag’ #cancelwebsummit.

Após seu comentário original, Cosgrave publicou outras mensagens nas quais afirmava que as ações do grupo islâmico Hamas são “ultrajantes e repugnantes” e “um ato de mal monstruoso” e que, embora Israel tenha o direito de se defender, não tem o direito de “violar o direito internacional”.

Estamos devastados por ver as terríveis mortes e o nível de vítimas civis inocentes em Israel e Gaza. Condenamos os ataques do Hamas e expressamos as nossas mais profundas condolências a todos aqueles que perderam os seus entes queridos. Aguardamos com expectativa uma reconciliação pacífica”, apontou já hoje Cosgrave.

Nesta última mensagem, o empreendedor recebeu inúmeras respostas “tarde demais”.

A Web Summit foi fundada em 2009 e decorreu em Dublin até 2016, altura em que se mudou para Lisboa, onde no ano passado acolheu mais de 71 mil pessoas de 160 países.

A próxima edição será realizada entre os dias 13 e 16 de novembro.

Além disso, a empresa também organiza as conferências Collision, em Toronto, e Rise, em Hong Kong, além de eventos Web Summit no Rio de Janeiro e Doha.

O grupo islamita Hamas lançou em 07 de outubro um ataque surpresa contra Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados por terra, mar e ar.

Em resposta, Israel tem vindo a bombardear várias infraestruturas do Hamas na Faixa de Gaza e impôs um cerco ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.

Os ataques já provocaram milhares de mortos e feridos nos dois territórios.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou que Israel está “em guerra” com o Hamas.

Telavive tem vindo a reunir tropas junto ao território da Faixa de Gaza, enclave controlado pelo grupo islamita desde 2007, em preparação para uma provável ofensiva contra o Hamas.

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