‘Diving’: o amadurecimento dos Grandfather’s House
Depois do lançamento de Slow Move em 2016, os Grandfather’s House voltaram ao estúdio em 2017 e lançaram o seu segundo álbum de originais. Diving traz consigo algumas mudanças no alinhamento da banda. João Vítor Costeira, baterista que até aqui tinha acompanhado a formação bracarense, despede-se do trio logo após o lançamento deste trabalho, deixando assim a formação a cargo dos irmãos Sampaio, com Rita na voz e Tiago na guitarra. Mais tarde foi formalmente apresentada a nova formação, com a bateria a cargo de Ana João Oliveira.
Diving conta ainda com ilustres convidados, como Adolfo Luxúria Canibal, o célebre frontman de Mão Morta, que contribui com alguns vocais; Nuno Gonçalves nos teclados e Mário Afonso no saxofone. Os singles de apresentação e promoção deste álbum foram produzidos pela CASOTA Collective, uma formação oriunda de Leiria, de que são integrantes três membros dos First Breath After Coma.
O álbum arranca com “Nah Nah Nah”, um tema em português e com a participação de Adolfo Luxúria Canibal, que assume aqui a voz. O instrumental leva-nos numa viagem de sons e sentidos, desde o seu início calmo, passando por um solo de saxofone e terminando num clímax avassalador. “Drunken Tears” traz-nos uma melodia concisa de riffs, bateria e sintetizadores em harmonia, com distorções de guitarra capazes de nos inebriar de sensações. “You’ve Got Nothing To Lose” é um dos singles de avanço deste trabalho. Com uma letra e interpretações bem conseguidas, a melodia destaca-se pelo explorar coeso dos sintetizadores numa miscelânea de batidas que tornam este um dos temas mais bem conseguidos deste trabalho.
“Sorrow” é outro dos temas de avanço deste álbum e destaca-se logo pela distorção de guitarra ao arrancar, levantando o véu a uma sonoridade mais pesada que não desilude. Os riffs e a batida sempre certa da bateria funcionam na perfeição, acompanhados de uma letra bem conseguida. A voz de Rita Sampaio já se tinha assumido como angelical, mas é em “She’s Looking Good” que nos transporta para um plano quase celestial, com um início mais calmo antes de dar entrada a guitarra de Tiago Sampaio e a bateria no compasso certo de João Vítor Costeira. “In My Black Book” traz também um início mais calmo, mas logo nos toma de forma avassaladora e com um refrão que rapidamente nos fica no ouvido.
“Nick’s Fault” começa por nos apaixonar logo de início, mas é quando o saxofone aparece que nos rendemos por completo a este tema, um dos mais bem compostos pela banda. “I Hope I Won’t Die Tomorrow” encerra este trabalho e da melhor forma. Outro tema mais pesado, que traz ao de cima o melhor que os Grandfather’s House fazem e o claro amadurecimento da sua sonoridade neste trabalho, notando-se um crescimento e solidez neste seu novo trabalho.
A versatilidade de Grandfather’s House fica patente neste trabalho ao conseguirem construir temas mais pesados ou mais electrónicos sem nunca perderem a qualidade do seu trabalho. Com mais ou menos distorções de guitarras, com sintetizadores ou um compasso de bateria mais ou menos saliente, a banda bracarense consegue sempre saber sobressair o melhor de si naquilo que faz.