Queriam festivais de música? Tomem o SonicBlast!

por João Horta,    15 Agosto, 2016
Queriam festivais de música? Tomem o SonicBlast!

Este ano são muitos os festivais de verão que têm sofrido do “síndrome Coachella”. A música passa para segundo plano e os certames que deviam ser de música tornam-se em autênticos eventos sociais. Muitos deles alimentados pelos media de grande dimensão, onde o enfoque é, na sua maioria, dedicado aos estilos e representações sociais. Num desses mesmos órgãos de comunicação foi escrito há tempos uma crónica que perguntava pelos festivais de música. Aqui fica a sugestão: SonicBlast Moledo.

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O cartaz trazia nomes sonantes das entranhas do rock n’ roll, psicadelismo e progressivo. Aquela pequena aldeia minhota junto ao mar recebeu nestes três dias visitantes de toda a Península Ibérica, devido à proximidade geográfica com Espanha. O que tinham em comum todas estas pessoas? A música. O slogan do festival já anunciava previamente: “SUN-SEA-BEACH-SURF-POOL-SKATE-MUSIC”. Este é o mote perfeito para um festival que respira rock em cada esquina.

Como já é habitual nestas andanças, o público é fiel e nunca se nega a ver um bom concerto. Os recintos estavam sempre muito bem compostos, pela tarde, a piscina enchia-se de toalhas de frente para o palco. As bandas que lá subiam arrancavam da plateia os primeiros aplausos e punhos cerrados no ar. A neblina e o cheiro a fogo causados pelos incêndios nas redondezas não impediram a propagação da fragância dos primeiros charros que iam rebentando. Esqueçam o reggae. O stoner é que é o compasso certo.

A primeira noite dividia-se em três: Sacri Monti, All Them Witches e Valient Thorr. Os primeiros pegaram pelo público através dos seus sintetizadores deambulantes e o psicadelismo digno de uma qualquer banda dos anos 70. Com pinta de surfer boys, os All Them Witches deram uma lição bonita de rock, apesar dos poucos anos de banda, apresentaram-se firmes e consistentes. Por fim, os tão aguardados, Valient Thorr. Como já era expectável a banda comandada por Valient Himself tomou de assalto o palco principal do SonicBlast Moledo, onde se gerou o mosh pit mais entusiasta de todo o festival.

A segunda noite levou ao palco nomes como Uncle Acid and the deadbeats, Stoned Jesus e os muito esperados, Truckfighters. Antes de passarmos a breve revista por estas três bandas, deixamos uma palavra para os portugueses The Black Wizards. O quarteto português mostrou que merece pisar grandes palcos, apesar da juventude que aparentam, a maturidade e a atitude com que interpretaram as suas músicas foi surpreendente. Importante realçar que a banda portuguesa foi a única que apresentou elementos femininos entre a sua formação, a voz bonita de Joana Brito deixaria Janis Joplin orgulhosa. Atrás da bateria, a Helena Peixoto foi surpreendentemente monstruosa, coroando a actuação com um solo de bateria quase ao nível da famosa “Moby Dick”.

Mais tarde os ucranianos Stoned Jesus arrancam cheios de força, no entanto, a performance da banda foi decrescendo com o decorrer do concerto. Fizeram melhor que o ano passado no Reverence Valada, mas a insegurança do trio é demasiado visível em cima do palco. A seguir, os Uncle Acid and the Deadbeats deram uma lição de rock n’ roll, interagiram pouco, mas entregaram-se totalmente a cada música que tocaram.

O momento da noite estava guardado para os Truckfighters, a energia dos suecos contagiou-se por toda a aldeia de Moledo. O guitarrista Niklas Källgren nunca parou, corria, pontapeava o ar, interagia com os fãs da primeira fila e atirava-se para o chão. Cansava só de ver, mas a energia é de louvar. No fim a celebração foi feita com “Desert Cruiser”, momento em que foi bastante visível a interacção entre a audiência e o trio sueco.

Na despedida os Salem’s Pot aconchegaram a noite com mais riffs pesadas e lentas, acompanhadas de máscaras vistosas, fazendo lembrar os seus compatriotas Goat. No fim, fomos embora de barriga cheia, num festival que tem tudo de autêntico e nada de passagens de modelos. Venha mais uma edição porque o SonicBlast está a afirmar-se no mapa nacional dos festivais de verão.

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