Painéis de Almada Negreiros no porto de Lisboa vão começar a ser restaurados
Os painéis do artista Almada Negreiros (1893-1970) na Gare Marítima da Rocha do Conde d’Óbidos, em Lisboa, vão começar a ser alvo de obras de conservação e restauro na segunda-feira, indicou a Administração do Porto de Lisboa.
A intervenção nos painéis vai acontecer na sequência da assinatura de um protocolo de colaboração entre a Administração do Porto de Lisboa (APL) e o Grupo World Monuments Fund Portugal (WMF), com um financiamento de 427 mil euros, através de donativos de mecenas nacionais e internacionais, segundo um comunicado da APL.
Contactada pela agência Lusa, fonte da comunicação da APL precisou que as obras “vão ter início na segunda-feira, dia 27 de novembro”, a cargo da equipa da empresa NC Restauro – Nova Conservação, segundo a entidade responsável pela gestão dos portos da capital, com a missão é zelar pelas práticas de segurança marítima e patrimonial.
Trata-se de um primeiro protocolo, segundo a APL, avançando que, por seu turno, os painéis de Almada Negreiros existentes na Gare Marítima de Alcântara, “irão ser objeto de idêntica parceria com vista à sua conservação e restauro”.
A assinatura deste protocolo, a 16 de novembro, resulta da candidatura do Porto de Lisboa ao Programa Watch do World Wonuments Fund, em colaboração com o Laboratório Hércules, da Universidade de Évora, da NC Restauro – Nova Conservação, do CEDANSA – Centro de Estudos e Documentação Almada Negreiros Sarah Affonso e do Instituto de História de Arte da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova, em Lisboa.
“Os painéis do Almada Negreiros, além de um símbolo evidente da história do nosso país, elaborados por uma personalidade ímpar da arte em Portugal, fazem já parte da identidade do Porto de Lisboa, que muito valorizamos e prezamos. Por este motivo, ficamos logicamente muito satisfeitos em estabelecer essa parceria e garantir a conservação de peças únicas”, realça o presidente da APL, Carlos Correia, citado no comunicado sobre o protocolo.
Esta iniciativa está enquadrada no projeto de requalificação de toda a zona envolvente de Alcântara, e tem como objetivo contribuir para “fortalecer os laços deste património cultural com a comunidade local”, acrescenta.
Pintor, desenhador, romancista, poeta, dramaturgo, Almada Negreiros (1893-1970) destacou-se pelo seu contributo pluridisciplinar para o movimento modernista, tendo deixado um legado de várias obras de arte pública.
Este ano, em junho, o projeto “Almada – O desvendar da Arte da Pintura Mural de Almada Negreiros (1938-1956)”, do Laboratório Hércules – que reúne uma equipa multidisciplinar para analisar em profundidade o legado de pintura mural do artista e o seu estado atual, incluindo os painéis do porto de Lisboa, foi um dos quatro projetos portugueses distinguidos com os Prémios Europeus do Património Cultural Europa Nostra.
Iniciado em 2021, o Projeto Almada está distribuído por cinco núcleos, que incluem a Igreja de Nossa Senhora de Fátima, o antigo edifício-sede do Diário de Notícias e a Escola Patrício Prazeres, em Lisboa, além das duas gares marítimas, de Alcântara e da Rocha Conde d’Óbidos, que acolhem os painéis mais emblemáticos em estudo, segundo os especialistas.
O objetivo final deste projeto é perceber os problemas existentes e fornecer conhecimento essencial para a futura conservação das obras.