Unesco diz que faltam 44 milhões de professores no ensino obrigatório em todo o mundo

por Lusa,    30 Novembro, 2023
Unesco diz que faltam 44 milhões de professores no ensino obrigatório em todo o mundo
Fotografia de Taylor Flowe / Unsplash

A escassez de professores é um problema mundial que ameaça a qualidade do ensino e o futuro dos jovens, faltando cerca de 44 milhões docentes no ensino obrigatório em todo o mundo, revela um relatório da Unesco.

Escolas sem educadores não é um problema exclusivo de Portugal, segundo o “Relatório Global sobre Professores” realizado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) que sublinha que este é um problema global.

Há atualmente uma escassez de 44 milhões de professores primários e secundários”, lê-se no documento, que destaca que este drama “afeta tanto os países desenvolvidos como os países em desenvolvimento”.

Em Portugal, um estudo realizado em 2021 pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC) e pela Nova School of Business & Economics alertava para o envelhecimento da classe docente e aumento progressivo de reformas que levaria a uma carência de 34.500 docentes até 2030, caso não fossem tomadas medidas urgentes.

A Unesco sublinha que o problema é global e os efeitos sentem-se nos diferentes países, onde é cada vez mais comum encontrar turmas com cada vez mais alunos, sentir a pressão financeira sobre os sistemas educativos ou ouvir educadores a queixarem-se de estarem sobrecarregados de trabalho. A consequência desta realidade são as disparidades nos resultados educativos. 

O desgaste é uma preocupação global: entre 2015 e 2022, as taxas de desgaste dos professores no ensino primário duplicou em todo o mundo, de 4,6% para 9%”, refere o relatório, indicando que são cada vez mais os que “deixam a profissão durante os cinco primeiros anos de prática”.

O estudo apresenta estratégias e medidas para aumentar o recrutamento, a atração e retenção, que passam pelo aumento de salários e melhores condições de trabalho. 

A despesa nacional adequada desempenha um papel crucial no financiamento da educação, particularmente quando se trata de salários de professores. Investindo em professores os iniciantes podem ser uma estratégia económica e de longo prazo para combater o desgaste dos professores”, segundo os pontos-chave do primeiro Relatório Global sobre Professores.

Em Portugal, o Ministério da Educação levou a cabo um conjunto de medidas, que vão desde reduzir a precariedade, oferecer estágios remunerados ou tornar mais acessível o acesso à profissão, mas os sindicatos dizem ser insuficiente.

Os sindicatos portugueses consideram que continua a existir uma desvalorização da classe docente, que deveria haver aumentos salariais e o cumprimento dos horários de trabalho, que dizem ser muitas vezes ultrapassados. 

No topo das reivindicações dos professores portugueses, que motivaram mais de 500 pré-avisos de greve no passado ano letivo, continuam os seis anos, seis meses e 23 dias em que os professores trabalharam mas a sua carreira esteve congelada. 

A Unesco aponta ainda um outro caminho, que é o de aumentar a presença dos homens na profissão e o das mulheres em algumas disciplinas e cargos de gestão. 

São necessárias políticas inclusivas para promover a igualdade de género na profissão, lutar contra a sub-representação das mulheres em determinadas disciplinas e em cargos de gestão e incentivar os homens a ingressar e permanecer no ensino. O corpo docente deverá refletir a diversidade das comunidades que serve, o que melhoraria a atratividade e enriqueceria a experiências de aprendizagem”, lê-se no documento.

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