Maioria dos portugueses está insatisfeita com a gestão do Serviço Nacional de Saúde por parte do Governo

por Lusa,    6 Fevereiro, 2024
Maioria dos portugueses está insatisfeita com a gestão do Serviço Nacional de Saúde por parte do Governo
Fotografia de Hush Naidoo Jade Photography / Unsplash

A maioria dos inquiridos num estudo diz estar insatisfeita com atuação do Governo na gestão do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e manifesta preocupação com a garantia de assistência necessária, caso tenha um problema de saúde.

Os dados do estudo do Observatório da Sociedade Portuguesa da Católica-Lisbon revelam “um aumento acentuado” de insatisfação com a atuação do Governo relativamente à gestão do SNS, tendo aumentado em quase 20 pontos percentuais o número de participantes que se declara insatisfeito, passando de 56,7% em julho de 2022, para 73,9% em novembro de 2023.

O nível de insatisfação com a Direção-Geral de Saúde (DGS) também subiu, passando a percentagem de participantes que se declaram insatisfeitos evoluído de 52,2% para 61,7%, entre julho de 2022 e novembro de 2023, refere o estudo, que teve como objetivo avaliar temas atuais, nomeadamente as perceções relativas ao SNS, comparando os dados com os resultados obtidos em julho de 2022.

Segundo a análise, a que a agência Lusa teve acesso, 39,1% dos inquiridos refere estar mesmo “muito insatisfeito” com o Governo e 22,8% com a Direção-Geral de Saúde face à atual gestão do SNS. 

Em contrapartida, a maioria dos participantes declara-se satisfeito (55,7%) com a atuação dos médicos, enfermeiros e técnicos auxiliares do SNS, apesar de se verificar uma diminuição de seis pontos percentuais em relação a julho de 2022 (61,7%). 

Quando questionados acerca das possíveis consequências do atual conflito entre o Governo e os médicos e enfermeiros do SNS, a maioria dos participantes revela um elevado grau de preocupação com a possível diminuição da qualidade dos cuidados de saúde. 

O estudo decorreu entre julho de 2022 e novembro de 2023, apanhando o período de contestação dos médicos, com a apresentação de escusas para não realizarem mais do que as 150 horas extraordinárias obrigatórias por lei, o que levou a fechos de serviços de urgência por falta de profissionais para assegurar as escalas.

Mais de metade (52,8%) diz concordar com a afirmação “Preocupa-me que estes conflitos levem a uma diminuição de qualidade na prestação dos cuidados de saúde” e 84% com a afirmação “Estou preocupado que, caso tenha um problema de saúde, não obtenha a assistência necessária”, com cerca de metade (47.6%) a concordar totalmente.

Oito em cada dez inquiridos afirmaram ainda ter receio de que esta situação afete a sua qualidade de vida, e 74,9% revelam preocupar-se que este conflito leve a um aumento dos preços dos cuidados de saúde.

A amostra contou com a participação de 1.000 inquiridos, com idades entre os 20 e os 75 anos, que, em comparação com proporções nacionais recolhidas no Censos 2021, “está bastante semelhante, apenas com uma proporção superior de indivíduos entre 50 e 59 anos e uma proporção inferior de adultos entre 60 e 69 anos, dadas as características de recolha do painel de estudos online”.

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