Parlamento português faz minuto de silêncio e condena morte de Marielle Franco
Quantas mais pessoas vão ter de morrer para esta guerra acabar?”, questionou Marielle Franco na sua conta de Twitter, poucas horas antes de ela própria morrer assassinada. Tinha 38 anos.
Hoje, dois dias depois do crime acontecer, o parlamento português condenou a morte da vereadora e activista dos direitos humanos Marielle. O carro em que seguia foi alvejado varias vezes quando saía do evento “Jovens Negras Movendo as Estruturas”, no bairro da Lapa, zona central do Rio de Janeiro. No carro, seguiam ainda Anderson Gomes, o motorista de 39 anos, Fernanda Chaves, assessora parlamentar de 43 anos, e a única sobrevivente.
“As características de homicídio são nítidas. Queremos isto apurado o mais rápido possível. É completamente inadmissível. Uma pessoa cheia de vida, fundamental para o Rio de Janeiro, brutalmente assassinada. É um crime contra a Democracia, contra todos nós, não podemos deixar que isto se torne normal”, disse Marcelo Freixo, professor e político brasileiro do Partido Socialismo e Liberdade.
Em Portugal, o voto de pesar foi proposto logo no dia do crime, durante o debate quinzenal com o primeiro-ministro português António Costa, pela deputada e líder do Bloco de Esquerda Catarina Martins. O voto é subscrito por Ferro Rodrigues, presidente do parlamento português, pelos partidos BE, PS, CDS, PCP, PSD, PEV e pelo deputado André Silva, do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), segundo a agência Lusa.
O texto do voto de pesar foi aprovado pelos deputados portugueses, onde se pode ler o seguinte: “nos últimos dias, havia denunciado o assassinato de jovens negros pela Polícia Militar do estado“, “Socióloga, feminista, militante dos direitos humanos e crítica da recente ocupação de vastas áreas urbanas pela intervenção militar do governo federal no Rio de Janeiro, Marielle Franco empenhou-se na luta pelos direitos humanos, especialmente em defesa dos direitos das mulheres negras e dos moradores de favelas e periferias, e na denúncia da violência policial” e onde fica clara a preocupação e condenação sobre a violência recorrente no Brasil: “a mais veemente condenação pela violência e pelos crimes políticos e de ódio que aumentam de dia para dia no Brasil“.
Michel Temer, actual presidente da república do Brasil, considerou a morte de Marielle Franco como um “verdadeiro atentado à Democracia” e acrescentou: “Trata-se de um assassínio de uma representante popular, que ao que sei fazia manifestações e trabalhos para preservar a paz e tranquilidade na cidade do Rio de Janeiro”. Já Dilma Rousseff, ex-presidente do Brasil, apelou para que o país “mostre a sua indignação”: “Mulher negra: alvo preferencial do preconceito e da exclusão, brutal e covardemente morta. Lutava pelos direitos das brasileiras e dos brasileiros.”
Por fim, o crime está neste momento a ser investigado pelas autoridades policiais e a ONU (Organização das Nações Unidas) já pediu que as investigações “sejam feitas o mais rápido possível”, de forma “completa, transparente e independente” e que os resultados “possam ser vistos com credibilidade”.