“Vidas Passadas”, de Celine Song, é o grande vencedor dos Film Independent Spirit Awards
O filme bilingue “Vidas Passadas” (ler crítica) foi o grande vencedor da 39.ª edição dos prémios de cinema independente, Film Independent Spirit Awards, que foram entregues no domingo em Los Angeles.
Falado em coreano e inglês, “Vidas Passadas” recebeu o prémio de Melhor Filme e deu à realizadora Celine Song a estatueta para Melhor Realização, consagrando a produção independente que está nomeada para dois Óscares da Academia.
“É uma honra tão grande receber este prémio por um filme independente que fizemos com tanto cuidado, amor e ‘In-Yun’”, disse Song, ao aceitar a distinção como realizadora, mencionando uma crença coreana.
“Obrigada por me deixarem partilhar o que é ser humano, amar e ser amado, e por gostarem do nosso filme”, afirmou.
No final da cerimónia, quando “Vidas Passadas” foi consagrado como Melhor Filme, Song voltou a falar em nome de todos os que participaram na produção e explicou melhor o que é ‘In-Yun’.
“Há um conceito oriental no nosso filme que é sobre como estar no mesmo espaço e no mesmo tempo significa que nos conhecíamos em muitas vidas que vieram antes desta”, descreveu.
“Ao fazer este filme senti isso com toda a gente neste palco, e sei que sentiram o mesmo”, afirmou, prosseguindo: “Sinto-me menos sozinha, sabendo que todos aqui sentem o mesmo”.
Numa cerimónia apresentada por Aidy Bryant em Santa Mónica, houve outros dois filmes que se destacaram com prémios importantes: “American Fiction” e “Os Excluídos”, ambos nomeados para Melhor Filme nos Óscares.
Para “American Fiction” foi uma noite importante, já que o filme tem recebido diversas nomeações mas com poucas vitórias. Desta vez, saiu da cerimónia com duas estatuetas.
O ator Jeffrey Wright aludiu a isso mesmo no seu discurso de aceitação quando foi premiado pela Melhor Interpretação do ano, que nos Independent Spirit Awards é neutra em termos de género – são nomeados homens e mulheres na mesma categoria.
“É engraçado como vamos a estas entregas de prémios e começamos a cansar-nos delas, e depois vencemos e a vibração muda”, gracejou Wright, que interpretou Thelonious ‘Monk’ Ellison.
“A razão pela qual o nosso filme foi independente no início é que ninguém queria financiá-lo”, contou.
O apoio subsequente da Amazon MGM, que comprou os direitos de distribuição, ajudou-os a encontrar uma audiência alargada.
“Fizeram-no com uma energia que nunca tinha visto na minha carreira”, garantiu Wright.
Antes, o argumentista Cord Jefferson já tinha subido ao palco para aceitar a estatueta por Melhor Argumento, mostrando-se emocionado pela distinção depois de um processo árduo.
“O nosso filme é tão independente que uma manhã acordei no nosso hotel e descobri que três pessoas tinham sido esfaqueadas no lóbi”, contou, para ilustrar o orçamento apertado.
“Não teria querido de outra forma. Foi tão estranho e tão divertido”, sublinhou.
O argumentista afirmou que este foi o primeiro ano em que se sentiu verdadeiramente feliz, por ter sido aceite na comunidade criativa.
“Ser bem recebido entre vocês mudou a minha vida”, disse.
Do lado de “Os Excluídos”, um favorito da temporada, Da’Vine Joy Randolph venceu a estatueta de Melhor Interpretação Secundária por dar corpo a Mary Lamb no filme de Alexander Payne. A atriz também tinha sido premiada na noite anterior, nos Prémios do Sindicato dos Atores (SAG Awards).
“Costumo dizer que fazer ‘Os Excluídos’ foi como fazer um filme de estudantes”, brincou Randolph.
“Os filmes independentes são o coração desta indústria e vale a pena lutar por eles”, salientou.
Dominic Sessa também recebeu o prémio revelação pelo papel neste filme e Eigil Bryld foi distinguido pela Melhor Fotografia.
Destaque ainda para “Anatomia de uma Queda”, que foi Melhor Filme Internacional (França) e “Quatro Filhas”, premiado como Melhor Documentário. Ambos estão nomeados para os Óscares, que serão entregues a 10 de março em Los Angeles.