Curadora e historiadora espanhola Nuria Enguita é a nova Diretora Artística do MAC/CCB
Nuria Enguita (Madrid, 1967) é historiadora, editora e curadora. Entre 2020 e 2024, foi diretora do IVAM (Institut Valencià d’Art Modern), em Valência, onde estabeleceu um programa expositivo ao mais alto nível, partindo não apenas da coleção, com exposições como Arte en una tierra baldía (1939–1959), mas também de apresentações temporárias, incluindo nomes como Anni e Josef Albers, Asger Jorn, Grupo Zero, Zanele Muholi, Teresa Lanceta, Anna Boghiguian, Otobong Nkanga, etc., e jovens artistas do contexto local. Durante a sua direção, foi desenvolvido o programa de estudos Articulacions, em colaboração com as duas universidades públicas de Valência, e os programas públicos adquiriram uma dimensão central no museu.
Entre 2015 e 2020, foi diretora do Centro de Arte Bombas Gens, em Valência, onde organizou exposições dedicadas à coleção do centro e exposições temporárias de Sheela Gowda, Anna-Eva Bergman e Irma Blank. Como diretora artística da Fundació Antoni Tàpies, em Barcelona, entre 1998 e 2008, organizou exposições e publicações de Lygia Clark, Chris Marker, Sanja Iveković, Ibon Aranberri, Pedro G. Romero e Steve McQueen, entre outros. Trabalhou ainda em projetos como Tour-ismos. A Derrota da Dissidência e Representações Árabes Contemporâneas, dirigido por Catherine David.
Entre 2008 e 2015, como curadora independente, organizou exposições em instituições espanholas e portuguesas. Entre 2012 e 2020, foi editora daRevista Concreta. Entre 2000 e 2014, foi membro do programa arteypensamiento da UNIA (Universidad Internacional de Andalucía), onde em 2009 liderou o projeto Narrativas de Fuga, com artistas como Alice Creischer ou Pedro Costa. Foi editora do Afterall Journal, Centro de Investigação da University of the Arts London, entre 2007 e 2014. Foi cocuradora da 31.ª Bienal de São Paulo, em 2014, do Encuentro Internacional de Medellín em 2011, e da Manifesta 4, em Frankfurt, em 2002. Entre 1991 e 1998, foi curadora do IVAM.
É licenciada em História e Teoria da Arte pela Universidad Autónoma de Madrid (1990). Lecionou teoria e gestão da arte em numerosos centros e universidades, e publicou numerosos textos em catálogos e revistas de arte contemporânea, como Parkett, Afterall e Concreta.
Desde 1991, a sua experiência profissional centra-se nas áreas das histórias da arte e da curadoria, esta última desenvolvida em diversas instituições de arte. A sua prática institucional é definida pelo trabalho direto com coleções e com os contextos sociais em que estas são geradas e apresentadas. O seu trabalho procura tornar visíveis práticas artísticas habitualmente relegadas para as margens das histórias oficiais e da modernidade canónica.
O processo de seleção, conduzido pelo Conselho de Administração do CCB, optou pelo projeto apresentado por Nuria Enguita, destacando não apenas a sua consistência e o seu sentido de oportunidade, para as quais é relevante a sua larga experiência curatorial e de direção de outras instituições, mas também o seu conhecimento da realidade portuguesa.
As qualidades de rigor historiográfico, competência museológica e visão abrangente e transversal do mundo da arte materializaram-se na proposta de trabalho apresentada, reforçando a ideia de «chão comum» que vem sendo trabalhada no CCB.
O processo de seleção teve início em 2023 com uma open call internacional, à qual responderam 39 candidatos, maioritariamente provenientes de fora de Portugal. Dada a quantidade e qualidade das candidaturas, o Conselho de Administração contou com o apoio de Isabel Carlos e Lilian Tone para propor uma shortlist. A qualidade das propostas recebidas contribuiu para elevar todo o processo de escolha do perfil adequado.
A partir de maio deste ano, Nuria Enguita iniciará funções como Diretora Artística do MAC/CCB por um período de 4 anos, para programar o Museu e dirigir a equipa, da qual fazem parte Rita Lougares (Chief Curator para as Artes Visuais) e Mariana Pestana (Chief Curator para a Arquitetura).