Paulo Rangel recusa chamar de genocídio ao que está acontecer em Gaza, mas diz que catástrofe humanitária exige condenação

por Lusa,    13 Maio, 2024
Paulo Rangel recusa chamar de genocídio ao que está acontecer em Gaza, mas diz que catástrofe humanitária exige condenação
Fotografia via Facebook de Paulo Rangel

O ministro dos Negócios Estrangeiros recusa chamar de genocídio ao que está a acontecer em Gaza, considerando que seria “injusto” dizer que Israel pretende eliminar o povo palestiniano, mas realça a existência de uma catástrofe humanitária.

“O genocídio pressupõe a vontade de eliminar um povo. Seria muito injusto dizer que Israel pretende eliminar o povo palestiniano”, disse Paulo Rangel, numa entrevista ao jornal espanhol El País, onde sublinha que “existe uma catástrofe humanitária que exige condenação, que exige que Israel aceite um cessar-fogo imediato e que precisa de ser reparada o mais rapidamente possível”.

Paulo Rangel recorda na entrevista que Portugal expressou esta posição ao Governo israelita e ao seu embaixador em Lisboa.

Questionado sobre se a comunidade internacional deveria impor medidas punitivas a Israel, o ministro respondeu que se deve “exercer grande pressão sobre o Governo”.

”Portugal entende que o Estado israelita enfrenta uma ameaça existencial. Isto também não deve ser escondido, mas uma coisa não elimina a outra”, refere.

“É por isso que somos a favor da solução de dois Estados, ambos têm o direito de existir. A pressão aumentou claramente. Os Estados Unidos desempenharam um papel muito importante nesse sentido”, defendeu o ministro, entendendo que é preciso continuar a exercer a diplomacia e até “alguma pressão política” sobre Israel para, pelo menos, se conseguir um cessar-fogo.

A propósito do reconhecimento da Palestina como Estado por parte da Espanha e de outros países, Paulo Rangel disse que Portugal tem “uma posição muito próxima”, “embora não seja exatamente a mesma”. 

“Há uma diferença temporal. Fazemos consultas com outros Estados-Membros para ver qual é o momento mais oportuno para dar esse passo”, afirmou o governante, acrescentando que “existe um grande consenso europeu sobre a questão dos dois Estados”.

Rangel recordou ainda que Portugal “tomou medidas para tentar reunir os países relutantes a favor da votação sobre a Palestina na Assembleia Geral”.

Na entrevista, o ministro dos Negócios Estrangeiros disse igualmente que a preocupação de Portugal “não é criar uma linha divisória na União Europeia, uma fratura que radicalize posições”, mas manter uma “posição construtiva”.

“Juntamente com a Espanha, há muito que apelamos a um cessar-fogo imediato e à libertação dos reféns. Estamos perante uma catástrofe humanitária, uma situação de urgência e emergência para o povo palestiniano de Gaza, cuja grande maioria é inocente”, afirmou.

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