João Luís Barreto Guimarães vence Prémio Glória de Sant’Anna com poemas sobre ansiedade

por Lusa,    13 Maio, 2024
João Luís Barreto Guimarães vence Prémio Glória de Sant’Anna com poemas sobre ansiedade
João Luís Barreto Guimarães / DR

O escritor João Luís Barreto Guimarães venceu hoje o 11.º Prémio Literário Glória de Sant’Anna com o livro “Aberto todos os dias”, que a organização do concurso considera uma reflexão poética íntima sobre situações quotidianas geradoras de ansiedade.

O livro editado pela Quetzal destacou-se assim entre as 51 obras que se candidataram ao prémio atribuído pelo Grupo de Ação Cultural de Válega e pelos herdeiros da escritora portuguesa que, natural de Lisboa, onde nasceu em 1925, viveu em Moçambique na época colonial e morreu em 2009 na referida freguesia do município de Ovar, no distrito de Aveiro.

Com um prémio de 3.000 euros e pela primeira vez aberta ao universo lusófono, a 11.ª edição da iniciativa recebeu inscrições de autores radicados em Portugal, Angola, Brasil, Cabo Verde, Espanha e Moçambique, todos com livros de Poesia publicados em língua portuguesa no período de 01 de janeiro de 2022 a 01 de março de 2024.

Entre essas obras, o trabalho de João Luís Barreto Guimarães, já distinguido em 2022 com o Prémio Pessoa, diferenciou-se por um conteúdo que a organização do concurso considera “uma reflexão sobre o valor íntimo das coisas à luz de uma ansiedade atual”.

O júri da presente edição foi composto pelo crítico literário galego Xosé M. Eyré, pela escritora e tradutora italiana Anna Fresu, pela poeta e ourives portuguesa Andrea Paes, pelo escritor e professor moçambicano Álvaro Carmo Vaz e ainda por Jacinto Guimarães, membro do GAC.

Para Álvaro Carmo Vaz, o livro “Aberto todos os dias” começa por fazer no próprio título uma observação crítica “sobre o descanso semanal sacrificado ao deus sacrossanto do consumismo” e avança depois para versos reveladores de “uma ironia, quase sátira, mesclada de tristeza por certos aspetos da atual evolução tecnológica acelerada, que, mais do que ser oferecida, é imposta por uma certa desumanização da Humanidade”.

Como exemplo disso, o escritor moçambicano aponta o poema “Gostaria de partilhar comigo o resto da sua vida?”, que retrata uma situação que os leitores encontram repetidamente no seu dia-a-dia, face a “máquinas impessoais substituindo a interação com pessoas, sem dar hipótese a uma qualquer rebelião”.

Natural do Porto, onde nasceu a 03 de junho de 1967, João Luís Barreto Guimarães é licenciado em Medicina pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e é atualmente cirurgião plástico no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia e Espinho.

Desde 2021, o médico e escritor leciona ainda no ICBAS a unidade curricular opcional de Introdução à Poesia e Medicina – Reflexões para uma abordagem interdisciplinar, enquanto parte do plano de estudos do Mestrado Integrado em Medicina desse estabelecimento de ensino superior.

A nível literário, é autor de 12 livros de poesia publicados em várias línguas, os primeiros sete compilados em “Poesia Reunida” (Quetzal, 2011). Depois disso, assinou ainda: “Você está Aqui”, publicado pela mesma editora em 2013; “Mediterrâneo”, que, sob a mesma chancela, venceu o Prémio Nacional de Poesia António Ramos Rosa em 2017 e o Willow Run Poetry Book Award de 2020; e “Nómada”, que, igualmente lançado pela Quetzal em 2018, foi distinguido como Livro de Poesia do Ano pela Bertrand e venceu o Prémio Literário Armando da Silva Carvalho.

Mais recentemente, o médico e escritor lançou “O Tempo Avança por Sílabas” (2019) e “Movimento” (2020), que conquistou o Grande Prémio de Literatura dst e contribuiu para que o jornal Expresso, com o patrocínio da Caixa Geral de Depósitos, atribuísse ainda ao autor o Prémio Pessoa 2022.

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