E se as músicas queer tivessem uma plataforma? Lisboa recebe evento para debater esta proposta

por Comunidade Cultura e Arte,    6 Setembro, 2024
E se as músicas queer tivessem uma plataforma? Lisboa recebe evento para debater esta proposta
Fotografia de Raphael Renter | @raphi_rawr / Unsplash

Lisboa recebe, a 18 de setembro, um evento que pretende trazer ao debate público a proposta para uma plataforma de promoção de pessoas queer no setor musical em Portugal.

“E se as músicas queer tivessem uma plataforma?” É a partir desta interrogação que João Rodrigues e Teresa Lacerda, respetivamente mestrando em Gestão Cultural e doutoranda em Etnomusicologia, convidam para uma sessão informal de debate e convívio em torno da proposta de uma plataforma digital para a visibilização de pessoas queer na música portuguesa. O evento terá lugar na sala Cardume do espaço cultural Valsa, em Lisboa, a partir das 18 horas do próximo dia 18 de setembro.

Ainda que esta não seja uma expressão corrente, as ‘músicas queer’ sempre existiram e estão por todo o lado. Basta pensar no sucesso global de artistas LGBT+ como Billie Eilish ou Sam Smith, ambas com identidades queer (ou fora da norma social). E até, no caso português, na reivindicação e expressão queer trazidas à luz por António Variações ou, mais recentemente, por artistas como Fado Bicha, Vaiapraia e Filipe Sambado.

No entanto, num contexto ainda vigente de LGBTfobia cultural e de preconceito sobre as identidades queer, o trabalho destas pessoas, desde a criação à produção técnica, vê-se muito afetado e menorizado, em particular numa indústria musical ainda pouco interessada na diversidade e dominada por homens brancos raramente sensibilizados para estas questões.

Precisamente no sentido de as pensar e lhes dar importância social, João Rodrigues e Teresa Lacerda uniram esforços para uma apresentação recente, no âmbito da última conferência KISMIF no Porto, sobre os desafios e oportunidades para artistas queer independentes em Portugal. Dessa primeira colaboração, surgiu então a ideia de criar algo efetivo para a promoção e conexão de pessoas queer no setor musical, desde artistas a outros profissionais e técnicos, sendo a plataforma em construção o primeiro passo para essa concretização.

Para além de definir os moldes deste espaço digital, a sessão na Valsa terá como foco escolher o nome para a plataforma, bem como discutir outros assuntos prementes para a comunidade musical queer. Por isso, todas as ideias são bem-vindas, desde que garantam o respeito por todas as opiniões. Para participar, basta completar a inscrição neste formulário e ter atenção a eventuais informações divulgadas nas contas de Instagram da organização (@joperoso / @myblueberryland), para onde também poderá ser dirigido o contacto por mensagem privada em caso de dúvida.

Sobre a organização

João Rodrigues (2002) é licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade do Minho e mestrando em Gestão Cultural na Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha. Escreve pontualmente sobre cultura e lifestyle para o jornal digital ibérico El Trapezio e tem a música como interesse principal. A sua dissertação de mestrado, sobre a experiência de estágio numa agência de músicas queer na Dinamarca, deverá ser defendida e publicada em breve.

Maria Teresa Lacerda (1994) é licenciada e mestre em Ciências Musicais, na variante de Etnomusicologia, pela Universidade Nova de Lisboa, frequentando atualmente o doutoramento em Etnomusicologia na mesma instituição. É música e trabalhou anteriormente como professora de piano e expressão musical em diferentes escolas. A sua tese de doutoramento em curso, intitulada «A cidade está deserta»: Ecologias da música ao vivo em Lisboa entre a crise financeira e o COVID-19, explora o impacto da pandemia nas cenas musicais ao vivo da capital portuguesa.

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