Rita Marnoto, comissária dos 500 anos de Camões, aguarda decisão sobre meios para celebrações
A comissária do programa de comemorações dos 500 anos de Camões, Rita Marnoto, considera fundamental um orçamento e programadores que deem o fôlego que estas celebrações precisam e diz-se expectante sobre a decisão do Governo nesta matéria.
À margem do XII Encontro de Escritores de Língua Portuguesa, que decorre na capital cabo-verdiana, organizado pela União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), juntamente com a Câmara Municipal da Praia, Rita Marnoto disse aos jornalistas que está “na expectativa daquilo que poderá ser feito”.
A professora catedrática e investigadora da obra de Luís de Camões contou que “ao longo destes tempos tem sido sempre um estar à espera” de “um orçamento” e “de uma equipa de programadores que possa dar o fôlego de que estas comemorações necessitam”.
“Logo, continua a ser um período de expectativas”, disse.
Por agora, Rita Marnoto aguarda por uma decisão da ministra da Cultura, que tem conhecimento das necessidades da estrutura para poder dar à efeméride a merecida dimensão e que, em Cabo Verde, a investigadora identificou neste encontro de escritores, que homenagearam o autor de Os Lusíadas.
“É muito significativo chegar aqui em Cabo Verde, um país de língua portuguesa, um arquipélago no meio do Atlântico, e encontrar este entusiasmo pela figura de Luís de Camões”, afirmou.
E acrescentou: “Diz-nos que Luís de Camões é um autor, escritor, que continua a falar para todas as longitudes e latitudes, ao longo do tempo, nos contextos mais diversos, adquirindo sempre novos significados, voltados para as sucessivas atualidades, para as sucessivas contemporaneidades. Isso só acontece com os grandes autores, os clássicos”.
Apesar deste “sinal do grande fulgor do poeta”, Rita Marnoto não esconde as dificuldades para a prossecução do trabalho da estrutura que lidera.
“Há dificuldade iniludíveis, que é o facto de não haver um orçamento, de não termos programadores”, disse, lembrando que, ainda assim, houve uma “colaboração do Ministério dos Negócios Estrangeiros e do Instituto Camões”, nomeadamente para levar as comemorações aos países lusófonos.
O resultado foi “um programa com mais de 100 iniciativas, que estão em curso nos vários continentes”, sendo que “uma série delas são iniciativas em países de língua portuguesa”.
Rita Marnoto está confiante que a ‘rentrée’ será uma “época importante” para a definição do futuro do programa das comemorações do V centenário do nascimento de Camões.
“Como acontece em todas as coisas, depois da pausa do mês de agosto, os projetos ganham uma nova definição e é relativamente a essa nova definição e é nesse âmbito que estou à espera de respostas”, disse, referindo-se a uma decisão da ministra da Cultura.
“As comemorações de 500 anos do nascimento de Luís de Camões precisam de programadores, que são profissionais e que devem fazer aquilo que um programador faz com a bagagem e os conhecimentos profissionais que tem”, insistiu.
Rita Marnoto escusou-se a revelar se continuará em funções no caso de estas necessidades não serem satisfeitas, preferindo reafirmar que, para já, está na expectativa.
As comemorações do V centenário do nascimento de Luís de Camões arrancaram oficialmente no passado dia 10 de junho. Menos de duas semanas antes (29 de maio), o Governo aprovou a estrutura de missão responsável pelas comemorações, tendo como comissária-geral Rita Marnoto.
A Lusa viajou a convite da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA).