Filme sobre a memória histórica do Brasil “Ainda estou aqui”, de Walter Salles, é premiado no Festival de Veneza

por Lusa,    8 Setembro, 2024
Filme sobre a memória histórica do Brasil “Ainda estou aqui”, de Walter Salles, é premiado no Festival de Veneza
“Ainda estou aqui”, de Walter Salles

O filme ‘Ainda estou aqui’, sobre as vicissitudes de uma família durante a ditadura brasileira (1964-1985), dirigido por Walter Salles, ganhou ontem o prémio de melhor argumento na 81.ª edição do Festival de Veneza. “Isso não é só uma história de família, é a história do Brasil”, disseram os argumentistas Murilo Hauser e Heitor Lorega, que passaram oito anos a escrever o guião.

Em conferência de imprensa após a cerimónia, Hauser manifestou a esperança de que este prémio ajude o filme a ser visto, porque “é uma história trágica que ainda está a acontecer” e que “atravessa a história, desde os anos 70 até aos dias de hoje”. “Infelizmente, não conseguimos deixá-lo para trás ou processá-lo como país”, acrescentou.

Baseado nas memórias do escritor Marcelo Rubens Paiva, o filme decorre em 1971, quando a mãe (Fernanda Torres) de Rubens, a morar no Rio de janeiro com as suas quatro irmãs, é obrigada a reinventar-se após o desaparecimento do marido.

Na sua apresentação no Festival de Veneza, o brasileiro Walter Salles, diretor de ‘Os Diários de Motocicleta’ (2004) e ‘Central do Brasil’ (1998), lembrou que, quando embarcaram neste projeto, o Brasil ainda não tinha entrado “nos quatro anos terríveis da extrema direita” que teve com o ex-Presidente Jair Bolsonaro (2019-2022).

A 81.ª edição do festival terminou hoje, com a atribuição do prémio Leão de Ouro ao realizador espanhol Pedro Almodóvar pelo filme ‘The Room Next Door’.

Nicole Kidman foi galardoada com o prémio de melhor atriz, pelo seu retrato revelador de uma diretora executiva de uma empresa envolvida num caso com uma estagiária em ‘Babygirl’.

O júri liderado por Isabelle Huppert atribuiu ainda os prémios principais a Brady Corbet, pela realização do épico pós-guerra de 215 minutos ‘The Brutalist’, e a Vincent Lindon pelo seu desempenho em ‘The Quiet Son’, no qual interpreta o papel de um pai solteiro cujo filho é radicalizado pela extrema-direita.

‘Vermiglio’, de Maura Delpero, ganhou o Leão de Prata pelo filme sobre o último ano da Segunda Guerra Mundial.

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