Festival Uma Revolução Assim convida à participação em debates, cinema e intervenções artísticas sobre o direito à habitação
E se começássemos por fazer perguntas diferentes? O festival UMA REVOLUÇÃO ASSIM convida à participação de todos para conversas, debates, cinema e intervenções artísticas sobre o direito à habitação e o futuro do nosso habitar.
De 25 de setembro a 6 de Outubro, rebenta finalmente em Lisboa o festival UMA REVOLUÇÃO ASSIM – Luta e Ficção: A Questão da Habitação, que desenvolveu uma programação com contributos da sociedade civil, para refletir várias perspetivas sobre a questão da habitação e sobre a sociedade que queremos construir. O festival cruza a experiência de ativistas e iniciativas cidadãs da área da habitação com pensamento filosófico e político, arquitetura, design, artes performativas, entre muitas outras disciplinas presentes graças à diversidade de participantes nacionais e internacionais que vão marcar presença ao longo destas duas semanas em Lisboa.
Depois da festa de abertura de UMA REVOLUÇÂO ASSIM na quarta-feira, 25 de Setembro, às 19h, no Goethe-Institut – que contará com contributos da critica de arquitetura e curadora do festival, Julia Albani e do designer Jesko Fezer, seguido do lançamento da revista Justo Custo intitulada Percebemos que só daria certo se vivêssemos junt@s, com a presença dos editores e arquitetos Eléonore Labattut e Simon Deprez, e um DJ set pela lisboeta ZENGXRL – nos dias 26, 27, 28 e 29 de Setembro e a 4 de Outubro o festival acontece em torno do “palco ambulante”, desenvolvido pelo coletivo Constructlab para ser um parlamento, uma estação de rádio, um cinema ao ar livre e ainda uma cozinha ou sala de jantar. Nos dias 5 e 6 de Outubro, o festival apresenta o programa de performances Passa Cá em Casa, com intervenções artísticas em casas e espaços de Lisboa.
Dias de palco ambulante em lugares diferentes de Lisboa
26, 27, 28 e 29 de Setembro e a 4 de Outubro
A programação de cada um destes dias do festival é um convite à participação do público na discussão sobre o direito à habitação e como queremos habitar. Os dias de debates arrancam com a Rádio no Café, a gravação de conversas em cafés de Lisboa e Almada, entre as 8h e as 9h da manhã, uma iniciativa em parceria com a Mensagem de Lisboa e a rádio Antecâmara, continuando com a Rádio no Palco, gravação de conversas no palco ambulante, entre as 10h e as 12h. Pela hora de almoço, entre as 12h30 e as 14h, o festival serve um almoço ao público presente, com o apoio da Cozinha Popular da Mouraria, como pretexto para uma conversa à volta de temáticas especificas em Conversas à Mesa.
As tardes do palco ambulante são dedicadas a Debates Abertos das 15h às 18h que se desenvolvem em torno dos 25 temas que o festival lança aos 40 participantes nacionais e internacionais, desde políticos, arquitetos, investigadores, ativistas, artistas e jornalistas que nos chegam de Barcelona, Berlim, Bordéus, Braunschweig, Coimbra, Delft, Hamburgo, Lisboa, Paris, Porto, entre outros. . Os 25 temas são: LUTA, CORAGEM, EXPERIMENTAÇÃO, EMPATIA, VIOLÊNCIA, HABITAR, CRÍTICA, CONSTELAÇÕES, LEGISLAÇÃO, CONVÍVIO, DIREITOS, CONTRATOS, FICÇÃO, MEDO, PROTESTO, AMOR, SOLIDÃO, IDADE, FAMÍLIA ALARGADA, INTELIGÊNCIA, IDENTIDADE, INDIFERENÇA, CUIDAR, DIÁLOGO E DEMOCRACIA.
Cinema UMA REVOLUÇÃO ASSIM
UMA REVOLUÇÂO ASSIM apresenta nos dias 26, 27, 28, 29 de setembro e 3 e 5 de outubro, um programa de cinema dedicado ao tema da habitação.
A 26 de setembro, às 19h, no Pequeno Auditório da Culturgest, UMA REVOLUÇÃO ASSIM apresenta a estreia mundial do vídeo-ensaio A Casa: Uma Revolução Assim…, do artista Nuno Cera e do arquiteto Tiago Mota Saraiva, em colaboração com a curadora Julia Albani. O vídeo ensaio procura registar o momento que o país atravessa em torno da questão da habitação a partir de uma leitura crítica e artística: das lutas, das declarações públicas, das cooperativas, das questões e das incertezas perante o futuro. No dia 27 de setembro, das 20h às 21h30, no palco ambulante (Jardins do Bombarda), o festival apresenta os documentários What it Takes to Make a Home, When We Live Alone e Where We Grow Older, de Giovanna Borasi e Daniel Schwartz, uma recente trilogia do CCA – Canadian Centre for Architecture, que aborda a habitação na perspetiva dos sem abrigo, da solidão ou da população sénior através do olhar de vários arquitetos. No dia 28 de setembro, às 20h, no palco ambulante (Praça Raul Lino), a sessão de cinema é dedicada a Abrir Abril nos Loios, de Joana Pestana Lages, um documentário que mergulha na vida do bairro de Marvila, antiga Zona N2, capturando as histórias dos moradores e da sua longa luta por melhores condições. No dia 29 de setembro, às 20h, no Cinema no Estendal (local por definir), é exibido o filme Era o Hotel Cambridge, de Eliane Caffé, que conta a trajetória de um grupo de refugiados e de pessoas em situação de sem-abrigo que partilham uma casa em São Paulo, no Brasil. No dia 3 de outubro, às 20h, no Goethe-Institut, Berlin Utopiekadaver, de Johannes Blume, traz-nos a essência do movimento de ocupação em Berlim e o seu legado duradouro. No dia 5 de outubro, às 21h, no Cinema São Jorge, o festival apresenta, em parceria com o Institut Français du Portugal, no âmbito da Festa do Cinema Francês, Os Indesejáveis (Bâtiment 5), de Ladj Ly, uma ficção que aborda a questão da habitação através de um bairro operário que vai ser recuperado e de Haby, uma francesa de origem maliana que se recusa a ver a família a ser expulsa do bairro onde cresceu.
Caminhada da Jane e Noite Branca
A programação de UMA REVOLUÇÃO ASSIM inclui também uma noite passada em branco e uma caminhada. A Noite Branca, uma iniciativa do Institut Français du Portugal, tem lugar entre as 20h de 26 de Setembro e as 8h de 27 de setembro na companhia do performer Esteban Feune de Colombi, que convida o público a aproximar-se do lugar onde vai instalar um colchão ao ar livre e a falar sobre os privilégios de ter um telhado.
A Caminhada da Jane de dia 4 de Outubro, das 18h30 às 20h30, a partir da Praça do Município, é um evento aberto que promove a troca e o diálogo entre pessoas para uma visão crítica da cidade, inspirado pelo legado da urbanista e ativista Jane Jacobs e organizado pela Associação Mulheres na Arquitetura.
Programa PASSA CÁ EM CASA
A Culturgest e o Goethe-Institut apresentam o projeto Passa Cá em Casa, um percurso de 12 intervenções artísticas em casas particulares, selecionado através de concurso.
As intervenções são variadas, mas estão todas ligadas ao tema da Habitação e das questões do Habitar. O programa repete-se nos dias 5 e 6 de outubro. Algumas propostas são continuadas (o público pode entrar e sair livremente) outras têm várias sessões com hora marcada.
Alagie, de Alexandra Sargento e Filipa Rosa (Tenda no Coreto do Largo da Graça) é um trabalho sonoro, onde narrativas verídicas se entrelaçam com sons, silêncios e emoções, no interior de uma tenda semelhante a que alguns têm como casa. Não serás uma alma que foge, de Susana Domingos Gaspar (Rua Guilherme Braga, 42 – 1º Dto) é uma coreografia de relatos em redor do tema da casa, que convoca o corpo a pensar sobre o direito de fuga e o desejo de permanecer. Reservoir Gods, de Ruy Otero, Nuno da Silva e Bruno Cecílio (Travessa Chão do Loureiro 2), é uma performance que tem como mote o bairrismo da zona da Baixa-Mouraria, onde o rés-do-chão se situa, e o imaginário do cinema americano que influenciou todo o Ocidente nas últimas décadas. Inhabiting gestures, de Athanasios Kanakis com Alexia Alexandropoulou e João Lourenço (Rua de Moçambique, 44 3D) é um encontro performativo em que se exploram noções de lugar, história, memória, sinais de habitação, os conceitos de hospitalidade e de comunidade, através da partilha de histórias e troca de objetos em espaços informais e familiares como uma casa. Sentir-se em casa, de Diana Rego, Sunil Pariyar, Nyra Rose e Marc Planells (Rua Dom Domingos Jardo, 15 – 2 Esq) é uma instalação performática pensada para criar pontos de encontro e partilha sobre o tema do lar entre as diferentes culturas que habitam em Lisboa, com um casal de artistas do Nepal, uma cantora e um flautista que habitam na cidade há seis anos, com outro casal de artistas, uma bailarina portuguesa e um músico catalão, que habitam em Lisboa há doze anos. Sob o mesmo teto, de Daniela Rosado, Fernando Kahombo, Djj Huba e Ricardo Cabaça (Rua Sampaio Bruno, 19 – 3 Esq) é uma intervenção artística multidisciplinar que combina teatro, spoken word e tecnologia para contar a história envolvente de Jay, um artista multidisciplinar emergente, e Bia, uma jovem profissional da área de administração e finanças que, apesar de separados, são forçados a morar juntos. A Casa invisível, de Janice Iandritsky e Ricardo Santos (Bairro Horizonte, 8 – Penha de França), é uma performance que regressa às memórias de construção da antiga Curraleira, bairro construído dentro do programa habitacional SAAL (Serviço de Apoio Ambulatório Local) para repensar um modelo de intervenção sobre a construção coletiva da cidade. Ô Revoá, de Larie Taveira (Rua da Senhora da Glória, 5, 3º Frt/Esq) é uma instalação sonora que procura explorar a questão da crise habitacional de Lisboa através de uma abordagem sónica-imersiva, que será realizada numa casa inabitada em Lisboa. Sortear uma Casa! Laboratório migrante de auto-edições sobre o colapso e a cidade em evaporação, de Lorena Salamanca (Rua Helena Aragão, 16, Benfica) é um laboratório coletivo de auto-edição de zines e cartazes que propõe “sortear” a evaporação urbana, as derivas arquitetónicas e o colapso planetário, além de refletir sobre a cidade como um lugar permeável e de memória social migrante num contexto global.
À venda com gente dentro – A Lisbon real estate experience!, de Marta Jardim e Zé Bernardino (Beco das Olarias, 9 – 1º Esq), simula uma visita a um apartamento à venda em anos diferentes. Casa Nossa, uma visita às residências sociais do projecto artístico Residências Refúgio, de Danylo Kliutsko, Alice Bué Mundele, Ivanna Korzh e Rasul Ranjbar (Jardins do Bombarda – Centro Cultural e Comunitário, Rua Gomes Freire 161) é uma oportunidade para conhecer a casa Residências Refúgio onde residem Fazel Utast (Afeganistão), Danilo e Ivanka (Ucrânia), Alice (República Democrática do Congo) e Rasul (Irão). A Casa a quem a habitar, de Vanda R Rodrigues e Ana Gago
(Rua da Graça, 56, 3º Dto), é uma derivação da performance Espetáculo De Amor Sobre a Gentrificação, composta por 3 obras apresentadas em diferentes divisões da casa que explora ligações entre gentrificação, despejos e afetos.
“Perante as sérias consequências da privatização da terra, como subverter o sistema convencional de propriedade para implementar uma propriedade coletiva de bens comuns? Como podemos contribuir para qualificar a compreensão da produção e do cuidado do habitat coletivo?”, sublinha Julia Albani, Curadora da iniciativa.
“É importante destacar que este projeto se desenrolou paralelamente a um processo de questionamento interno no Goethe-Institut: face ao crescente corte financeiro à cultura, o que podemos nós ainda fazer pelas associações culturais e a sociedade civil, pelos estudantes, pelas pessoas que trabalham de forma independente, pelos artistas? […] É com este mesmo positivismo que olhamos ao nosso festival. Pensemos em conjunto sobre novas formas de viver e cohabitar!”, assume Julia Klein, Coordenadora da iniciativa.
Uma Revolução Assim é uma iniciativa do Goethe-Institut Portugal em colaboração com a Culturgest—Fundação Caixa Geral de Depósitos, com a curadoria de Julia Albani, e consultoria curatorial de Ana Jara, Nuno Cera e Tiago Mota Saraiva, e em parceria com o Institut français du Portugal / MaisFRANÇA no âmbito do Fundo cultural franco-alemão, a Rádio Antecâmara, a Mensagem de Lisboa, o Largo Residências, a Cozinha Popular da Mouraria, a Associação Tempo de Mudar, o Coletivo Pátio, a Associação Mulheres na Arquitetura, a Festa do Cinema Francês e o projeto Mais do que Casas.
O festival conta ainda com o apoio da Associação São Bartolomeu dos Alemães em Lisboa, da DGARTES – Direção-Geral das Artes, e com as parcerias media da Antena 1 e Antena 2 e o apoio à divulgação da Câmara Municipal de Lisboa.
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