Noite dos investigadores com ações de sensibilização contra precariedade laboral do trabalho na ciência
Na noite de sexta-feira (dia 27) em que os cientistas falam às pessoas da investigação que fazem, várias organizações representativas de investigadores e sindicatos promovem à tarde ações de sensibilização contra a precariedade do trabalho na ciência.
As ações vão decorrer em Braga, Coimbra, Évora e Lisboa, cidades que acolhem a “Noite Europeia dos Investigadores”, uma iniciativa que se realiza anualmente em várias cidades europeias e que visa aproximar a ciência das pessoas dando a conhecer o trabalho que se faz nos laboratórios.
Este ano, a “Noite Europeia dos Investigadores” reúne diversas atividades sob o tema “Ciência para os desafios globais”: adaptação às alterações climáticas, prevenção e tratamento de cancro, recuperação do oceano e das águas, cidades inteligentes e com impacto neutro no clima e transição para solos saudáveis.
Sob o lema “Acabar com a precariedade na ciência também é um desafio global”, as ações promovidas por sindicatos e organizações representativas de investigadores pretendem “sensibilizar o público para a absoluta necessidade e a extrema urgência em pôr termo à precariedade na ciência e integrar os trabalhadores científicos nas devidas carreiras”, segundo o Sindicato Nacional do Ensino Superior (Snesup), uma das 13 estruturas promotoras.
Numa nota publicada no seu portal, o Snesup refere que “a precariedade laboral afeta mais de 90% dos investigadores contratados com bolsas de investigação, contrato a prazo ou outro vínculo precário”, precisando que cerca de 3.500 investigadores-doutorados terão o seu contrato de trabalho findo até ao final de 2025.
O Snesup assinala que as instituições onde os investigadores trabalham, nomeadamente as do ensino superior, não abrem concursos de recrutamento para a carreira, como prevê a lei de estímulo ao emprego científico, de 2017.
O sindicato acrescenta que a edição deste ano do programa FCT-Tenure, promovido pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) para incentivar o ingresso de investigadores-doutorados na carreia científica ou docente universitária, “vai cofinanciar apenas 1.100 posições”.
Uma nova edição está prevista para 2025 com a abertura de 400 vagas.
A Federação Nacional dos Professores (Fenprof), o Sindicato dos Trabalhadores de Arqueologia, a Associação dos Bolseiros de Investigação Científica, a Associação de Combate à Precariedade – Precários Inflexíveis e a Organização dos Trabalhadores Científicos são algumas das outras entidades promotoras das ações “Acabar com a precariedade na ciência também é um desafio global”.
As ações de sensibilização vão realizar-se junto ao Fórum de Braga, no Largo da Portagem, em Coimbra, na Praça 1º de Maio, em Évora, e junto ao Museu Nacional de História Natural e da Ciência, em Lisboa.
Em Portugal, a “Noite Europeia dos Investigadores”, com entrada gratuita, estende-se também ao Porto, Bragança, Lagos, Estremoz, Alviela, Vila Nova de Foz Côa e Oeiras.
O leque de atividades, que se iniciam durante a tarde e terminam à noite, inclui conversas com cientistas, palestras, experiências, observações, demonstrações e oficinas, havendo projetos científicos para conhecer sobre terapias contra o cancro, tratamento de esgotos, agricultura, produção animal e habitação sustentável, biomateriais ou hidrogénio verde.
A secretária de Estado da Ciência, Ana Paiva, estará presente ao fim da tarde em Oeiras, de acordo com a agenda do Ministério da Educação, Ciência e Inovação.
A “Noite Europeia dos Investigadores” é uma iniciativa promovida e financiada pela Comissão Europeia que se realiza habitualmente em setembro, a uma sexta-feira.
Em Portugal envolve a participação de várias instituições, designadamente universidades, centros de investigação e centros Ciência Viva.