Argumentistas e dramaturgos temem que plano para a comunicação social proposto pelo governo seja um “duro golpe” em toda a indústria
A Associação Portuguesa de Argumentistas e Dramaturgos (APAD) afirmou esta quarta-feira estar apreensiva com o Plano de Ação para a Comunicação Social, em particular no que diz respeito ao fim da publicidade na RTP.
“A APAD tem acompanhado com apreensão o Plano de Ação para a Comunicação Social, apresentado pelo Governo, com especial atenção na proposta referente ao fim da publicidade no canal público de televisão, a RTP”, referiu, em comunicado.
O Governo apresentou, esta terça-feira, o seu Plano de Ação para a Comunicação Social, composto por 30 medidas, divididas em quatro eixos — Regulação do Setor, Serviço Público Concessionado, Incentivos ao Setor, Combate à Desinformação e Literacia Mediática.
Este plano contempla, entre outros pontos, o fim da publicidade na RTP e saídas voluntárias de até 250 trabalhadores, com a contratação de um jornalista por cada dois que se retirarem.
Apesar de ver como positiva a diferenciação do canal público dos operadores privados, para a APAD o fim da publicidade na RTP, sem um reajuste orçamental, vai traduzir-se no enfraquecimento do Serviço Público, que trará implicações para o setor audiovisual do país.
A associação lembrou que a RTP produz e apoia a produção de séries, cinema, telefilmes, documentários, programas, filmes, curtas-metragens, cinema de animação e festivais, para além de ter uma ação direta numa diversidade de programas reconhecidos a nível nacional e internacional, que “correspondem à noção de serviço público”.
Os argumentistas e dramaturgos temem que estas medidas representem um “duro golpe” em toda a indústria, numa altura em que a comunicação social caminha para uma modernização e revolução sem precedentes.
“[…] Desinvestir na RTP é desinvestir no futuro e desproteger não só o serviço público, como a pluralidade cultural e o setor da indústria audiovisual“, vincou.