O que nos pode ensinar uma atriz surda sobre o silêncio? Espetáculo convida à descoberta do que nos diz o silêncio

por Comunidade Cultura e Arte,    12 Outubro, 2024
O que nos pode ensinar uma atriz surda sobre o silêncio? Espetáculo convida à descoberta do que nos diz o silêncio
Da esquerda para a direita: Corey Leighton (circo), Suevia Rojo (dança), Mariana de Sousa (voz), Joana Silveira (teatro) / DR
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Estreia a 26 de outubro no Teatro Constantino Nery em Matosinhos. O espetáculo “O que se esconde no silêncio” convida à descoberta de tudo o que nos diz o silêncio.

“O que se esconde no silêncio” é o que a Réptil Artes Performativas mostra no dia 26 de outubro, sexta-feira. A ópera contemporânea estreia às 21h30, no Teatro Constantino Nery, em Matosinhos. É uma proposta de reflexão vivencial que convoca o espectador a descobrir, além da voz, que mensagens transportam os nossos corpos. A obra conta com a participação de uma atriz surda, que nos ajuda a perceber as dificuldades da comunicação humana e a descobrir os diferentes significados que se escondem no silêncio, tendo como ponto de partida três sensações presentes na vida desta intérprete que não ouve: Perceção, Vibração e Vozes abstrata.

Na criação, com direção artística e coreográfica de Filipe Moreira, os gestos, as vibrações e as sensações ganham protagonismo. Dividido em três atos, cada um deles inspirado nas experiências sensoriais de Joana Silveira, a atriz surda que também está em palco, o espetáculo terá uma apresentação não convencional no que ao papel e localização do público diz respeito. O palco pode virar assistência, a assistência pode ser o palco e qualquer canto do auditório pode, afinal, ser o centro da exibição. Nesta criação nem sempre os intérpretes são as figuras de destaque.

Da esquerda para a direita: Joana Silveira (teatro), Suevia Rojo (dança), Corey Leighton (circo), Mariana de Sousa (voz) / DR

Esta não é, contudo, uma improvisação, ou um espetáculo participativo na verdadeira aceção dessas palavras. Podemos talvez chamar-lhe um espetáculo experiencial.” afirma o criador de “O que se esconde no silêncio”, cujo elenco apresenta, além da atriz surda, mais três intérpretes ouvintes, que trabalham nas áreas da música, da dança e do circo. “Um cruzamento disciplinar que potencia a experiência sensorial da peça.“, afirma Filipe Moreira.

Partindo de uma reflexão sobre as dificuldades, e possibilidades de transformação da comunicação humana, nesta ópera, os sentidos são ativados e experienciados pelo público, e pelos intérpretes, através de instalações sonoras que nos conduzem na descoberta de diálogos alternativos, de forma a alcançarmos uma maior consciencialização sobre a presença e a importância do silêncio como parte integrante da comunicação.” lê-se na sinopse.

A experiência de vida da atriz Joana Silveira é determinante para este espetáculo. Além da sua interpretação, Joana Silveira ajudou na criação de “O que se esconde no silêncio”. Licenciada em Educação Social, trabalhou no terceiro setor como voluntária, enquanto desenvolvia, desde 2009, a sua carreira artística. O seu trabalho esteve sempre focado na comunidade surda. No palco, juntamente com Joana Silveira, estão os intérpretes Corey Leighton (circo), Mariana de Sousa (voz) e Suevia Rojo (dança).

A imersão no universo de quem não ouve foi também coadjuvada por um conjunto de associações representativas da comunidade surda que foram convidadas a colaborar e participar na preparação do espetáculo.

Durante os dias 24 e 25 de outubro, o espetáculo será apresentado previamente a um conjunto de escolas de Matosinhos e outros municípios limítrofes. Não só para cumprir a missão da Réptil de servir de ponte entre a cultura e o público, mas também para sensibilizar os mais novos para os desafios que a comunidade surda enfrenta.

Esta obra é promovida pela Réptil Artes Performativas (ver sobre a Réptil Artes Performativas) com coprodução do Teatro Constantino Nery e Teatro Cine de Gouveia e conta com o apoio financeiro da República Portuguesa – Cultura/Direção-Geral das Artes.

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