Movimento Vida Justa anuncia manifestação em Lisboa para exigir justiça pela morte de Odair Moniz

por Lusa,    24 Outubro, 2024
Movimento Vida Justa anuncia manifestação em Lisboa para exigir justiça pela morte de Odair Moniz
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O movimento Vida Justa anunciou hoje a realização de uma manifestação no Marquês de Pombal, em Lisboa, para reclamar justiça pela morte de Odair Moniz, o homem de 43 anos baleado pela polícia após uma perseguição policial na Amadora.

“Sem Justiça não há paz” é o lema da manifestação que terá início pelas 15:00 do próximo sábado no Marquês de Pombal, em Lisboa, organizada pelo Movimento Vida Justa, familiares e amigos de Odair Moniz, associações de moradores do bairro do Zambujal, onde residia a vítima, e de outros bairros da Área Metropolitana de Lisboa.

“É preciso fazer justiça e condenar a morte de Odair Moniz pela polícia. Infelizmente, não é caso único. Há demasiados mortos nas nossas comunidades. É preciso acabar com a violência e a impunidade policial nos bairros. É preciso que as pessoas deixem de ser tratadas como não-cidadãos que podem ser agredidos e mortos”, lê-se na nota publicada na página oficial daquele movimento na rede social ‘facebook’.

O movimento Vida Justa afirma ainda que é necessário “acabar com as Zonas Urbanas Sensíveis (ZUS) que colocam os bairros sob intervenção militarizada”, porque “a pobreza e a etnia não podem ser criminalizadas” e “a segurança nas comunidades só pode ser alcançada pela paz social e pela garantia de justiça”.

“Os nossos bairros precisam de mais equipamentos públicos, melhor trabalho, serviços públicos em condições, transportes satisfatórios e habitação digna, não precisam de violência policial”, acrescenta o movimento Vida Justa, que apela à participação de todos na “manifestação pacífica” de sábado, no Marquês de Pombal, em Lisboa.

Odair Moniz, de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.

Segundo a PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e “entrou em despiste” na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.

A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação “séria a isenta” para apurar “todas as responsabilidades”, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias.

A Inspeção-Geral da Administração Interna abriu um inquérito urgente e também a PSP anunciou um inquérito interno, enquanto o agente que baleou o homem foi constituído arguido.

Desde a noite de segunda-feira registaram-se desacatos no Zambujal e, desde terça-feira, noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados autocarros, automóveis e caixotes do lixo. Mais de uma dezena de pessoas foram detidas, o motorista de um autocarro sofreu queimaduras graves e dois polícias receberam tratamento hospitalar, havendo ainda alguns cidadãos feridos sem gravidade.
 
 

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