Desinteresse pela História é questionado em espetáculo no Centro Cultural de Belém
O Teatro do Vestido estreia quarta-feira, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, um espetáculo e uma instalação sobre o desinteresse pelo ensino da História em Portugal, procurando despertar o público para a relevância do passado.
O espetáculo “Historiadores” e a instalação “O passado em exposição” estarão no palco da Black Box e na Fábrica das Artes do Centro Cultural de Belém (CCB) entre quarta-feira e domingo, segundo a programação da entidade.
Com texto e direção de Joana Craveiro, a peça reflete sobre “o desinteresse e as lacunas no ensino da História em Portugal, sobretudo entre os mais jovens”, e será acompanhada por uma conversa de 30 minutos após as apresentações, promovendo a interação com os espectadores.
“Historiadores” terá sessões para escolas e público em geral, contando com a interpretação de Estêvão Antunes, Inês Rosado, Tânia Guerreiro e Tozé Cunha, que irão abordar as dificuldades de transmitir a História de forma cativante.
“À medida que o século XXI avança, inquietantes notícias dão conta de resultados cada vez piores na disciplina de História num país como Portugal, mas que nos poderia oferecer importantes lições para o hoje, para o aqui. O interesse pelo passado perdeu-se, talvez porque não seja clara a sua relação com o presente”, sustenta um texto de apresentação do novo projeto do Teatro do Vestido.
A cenografia é de Carla Martínez, figurinos de Tânia Guerreiro, e o espaço sonoro é assinado por Francisco Madureira, num trabalho que examina questões como o fosso geracional na compreensão do passado.
Na peça são realçados comentários como “não estavas lá” e “não percebes”, que muitas vezes bloqueiam o interesse dos jovens pela disciplina de História, e, ao mesmo tempo, examina a relação entre o ensino e as lições que pode oferecer para o presente.
Inspirando-se nas palavras do historiador Eric Hobsbawm sobre a tendência das gerações mais jovens de viverem num “presente permanente” sem relação com o passado, a proposta da companhia de teatro explora, de forma poética e documental, a importância da disciplina, questionando o papel dos professores e dos programas escolares na transmissão de uma narrativa que molda o futuro.
A partir de quarta-feira e até a 30 de novembro, a Fábrica das Artes acolhe também uma instalação intitulada “O passado em exposição”, onde documentos, fotografias, cartas e registos de imprensa do acervo documental do Teatro do Vestido estarão expostos.
Com o objetivo de complementar o espetáculo, a instalação oferece uma “visão tangível sobre a preservação da memória e o valor de guardar e expor objetos que ajudam a contar histórias do passado”, assinala o mesmo texto.
As sessões para o público escolar decorrem de quarta a sexta-feira às 10:30, enquanto as sessões para o público geral acontecem sábado às 19:00 e domingo às 17:00.
O espetáculo é recomendado para maiores de 12 anos e direcionado ao 3.º ciclo e ensino secundário.