Organizadora do DocLisboa diz que edição deste ano abriu antes de receber financiamento da Câmara de Lisboa

por Lusa,    10 Dezembro, 2024
Organizadora do DocLisboa diz que edição deste ano abriu antes de receber financiamento da Câmara de Lisboa
Fotografia de Eduardo Martins / via Facebook do DocLisboa
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A Apordoc, organizadora do DocLisboa, lamentou hoje declarações do presidente da Câmara, Carlos Moedas, sobre os apoios a festivais no concelho de Lisboa, lembrando que a edição deste ano do certame abriu “antes de ter recebido apoio monetário”.

De acordo com a Associação pelo Documentário (Apordoc), o apoio da Câmara Municipal de Lisboa ao Doclisboa é, desde 2017, “e sem qualquer aumento desde então, de 100 mil euros”, reconhecendo que a autarquia é “um parceiro histórico do festival que, em anos particularmente difíceis, como em 2012, assegurou estabilidade e proximidade com a sua equipa”.

Em comunicado, a Apordoc sublinha que com a entrada da atual equipa de Carlos Moedas na autarquia, o então vereador da Cultura Diogo Moura “continuou a reunir com a equipa do Doclisboa para preparação e balanço das edições”.

No entanto, quando este saiu [suspensão do mandato] e o presidente da Câmara integrou a pasta da Cultura no seu gabinete, “a direção da Apordoc e a equipa do Doclisboa solicitaram por diversas vezes reunião com o gabinete” de Carlos Moedas, mas asseguram que nunca obtiveram qualquer resposta”.

A Associação lembrou também que perante a notícia de que a autarquia iria ser parceira da SIC/OPTO para a realização da primeira edição do Festival de Tribeca em Lisboa, o Doclisboa “juntou-se a uma série de outras estruturas do cinema e solicitou por carta” a Carlos Moedas uma reunião “para que esta decisão fosse esclarecida”, carta essa que nunca obteve resposta.

“Apesar de o evento Tribeca ter acontecido em datas coincidentes com o Doclisboa, nunca recebemos qualquer informação ou sinal de disponibilidade para esclarecimentos por parte da CML”, refere a Apordoc.

Pela primeira vez “desde há pelo menos uma década”, este ano o pagamento do apoio “foi atrasado pela CML”, adiantou associação, sublinhando que a 22.ª edição do Doclisboa abriu em outubro “sem ter recebido o apoio”, o que criou “uma situação de liquidez financeira difícil”, que obrigou a alterar estratégias.

Só após a vários dias de insistência da associação, o pagamento foi feito, tendo o gabinete de Carlos Moedas informado que este iria visitar o DocLisboa “nos dias seguintes”, mas tal não veio a acontecer, nem foi comunicada a razão.

O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, disse na segunda-feira haver “muitos festivais” com mais financiamento do que o Tribeca e referiu que a autarquia aumentou o orçamento para a cultura para poder ajudar mais eventos do género.

Questionado pelos jornalistas sobre os critérios e procedimentos tidos em conta para aprovar a transferência de dinheiro para o financiamento do Tribeca Festival Lisboa, Carlos Moedas afirmou que atualmente, na capital, há “muitos festivais que têm muito mais financiamento” do que o que decorreu em 18 e 19 de outubro no Hub Criativo do Beato, com filmes, conversas e atuações musicais, entre outros.

“O caso do LeFest de Paulo Branco, o DocLisboa, todos os outros – nós aumentámos o orçamento para a cultura exatamente para poder ajudar mais festivais”, explicou o social-democrata à entrada para o Seminário em Ética, Integridade e Prevenção da Corrupção, destinado a cerca de mil trabalhadores da autarquia, no Dia Internacional contra a Corrupção.

Moedas referiu que muitos dos festivais que acontecem pela cidade “não são ajudados diretamente pela Câmara, mas por empresas municipais”, como é o caso da Lisboa Cultura/EGEAC – Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural ou da Turismo de Lisboa, “quando têm esse pendor”.

“Portanto, [os apoios são feitos] dentro da normalidade e teremos cada vez mais destes festivais. Eles são importantes para a cidade, trazem retorno económico, mas trazem sobretudo Lisboa como centro da cultura mundial e isso é aquilo que eu sonho para a cidade, que é a cidade da inovação, tecnologia, mas também da cultura”, sublinhou.

De acordo com a Apordoc, o apoio da Lisboa Cultura/EGEAC ao Doclisboa corresponde a uma “coprodução e parceria estratégica” e concretiza-se na utilização do Cinema São Jorge e na colaboração com a sua equipa e estrutura de comunicação, bem como numa partilha de bilheteiras na proporção de 50/50.

“Compreendemos que, perante a notícia de que, além de outros apoios estatais avultados, foram investidos no evento Tribeca Lisboa 500 mil euros de dinheiros públicos sob a alçada do sr. presidente Carlos Moedas e seu executivo (da CML e da EGEAC), o sr. presidente tenha sentido a necessidade de afirmar o compromisso político da sua equipa com a diversidade de festivais que existem na cidade”, consideram na nota.

Desta forma, a Apordoc refere que o “Doclisboa não recebeu nenhum aumento de apoio direto por parte da CML ou da Lisboa Cultura – EGEAC desde, pelo menos, 2017”.

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