Associação de apoio a homens vítimas de violência sexual, Quebrar o Silêncio, edita livro digital sobre o tema
A associação Quebrar o Silêncio, de apoio a homens vítimas de violência sexual, lançou um livro digital sobre o tema que resulta da reflexão de especialistas de todo o mundo, que partilham pontos de vista sobre este crime. Pode fazer download do livro através deste link.
De acordo com a associação, o livro digital, com o nome “Reflexões sobre violência sexual contra homens e rapazes”, já está disponível e “compila 20 reflexões de especialistas de todo o mundo que escrevem sobre o que falta fazer sobre este crime e também sobre as suas experiências profissionais”.
“No leque de contribuições, encontra-se Mike Lew, psicoterapeuta norte-americano e autor do livro ‘Victims No Longer’, que trabalha há cerca de 50 anos com homens sobreviventes e reflete sobre os desafios de dinamizar grupos de ajuda mútua numa época em que a violência sexual contra homens era considerada um mito”, refere a associação, em comunicado.
Segundo a Quebrar o Silêncio, o objetivo da edição do livro “é criar um recurso com um conjunto de reflexões de vários países e diferentes áreas profissionais”, tendo em conta que junta vários textos que demonstram “os desafios de trabalhar na violência sexual contra homens e rapazes, mas também o que une as diferentes realidades” dos vários países.
O livro está disponível para ser descarregado a partir do site da associação e é acessível a qualquer pessoa e os vários textos refletem sobre temas tão diversificados como a extorsão sexual e financeira de homens, crescimento pós traumático dos sobreviventes ou casos de abuso sexual na sequência do consumo de drogas para facilitar o potenciar a atividade sexual.
“Ao longo de ‘Reflexões sobre violência sexual contra homens e rapazes’, há reflexões de profissionais que trabalham há 20 anos no Camboja contra a exploração sexual de meninos e rapazes, como é o caso de Maggie Eno e Alastair Hilton. Da Alemanha, Nicolas Haaf fala sobre o inovador Conselho de Sobreviventes, organismo consultado pelo Estado alemão sempre que pretende avançar nos direitos humanos das vítimas e sobreviventes de violência sexual. Do Brasil, Jean Von Hohendorff aborda a realidade do abuso sexual de meninos e rapazes”, refere a associação.
Acrescenta que de “Inglaterra, Rob Balfour questiona a longevidade do apoio especializado, num texto sobre o crescimento pós-traumático, enquanto Beverley Radcliffe incide nos mitos e crenças erróneas de quem trabalha com homens sobreviventes de violência sexual. John Slater desvenda o mundo da violência sexual contra meninos e rapazes e a dissociação por parte das vítimas”.
De Portugal, o livro tem os contributos da sexóloga Vânia Beliz, que fala sobre a educação para a sexualidade como ferramenta de prevenção do abuso sexual de crianças, da investigadora Maria João Faustino, que se debruça sobre o consentimento no âmbito das relações íntimas e sexuais, de Inês Marinho, fundadora da #Não Partilhes, que aborda a violência sexual baseada em imagens e da extorsão sexual de homens, ou da psicóloga Cláudia Caires, que explica “o intrincado universo do trauma complexo”.
A Quebrar o Silêncio também contribui para uma série de textos, havendo ainda reflexões sobre ambientes digitais e a violência sexual contra crianças ou “a dimensão espiritual das vítimas e como esta pode influenciar a relação que mantêm com Deus”.